sábado, 30 de abril de 2016

Denúncia de pedofilia em creche desespera pais no Rio de Janeiro.Há a suspeita de que os detidos pela polícia sejam parte de uma quadrilha especializada em crimes sexuais contra crianças

PEDOFILIA EM CRECHE NO RIO DE JANEIRO
 
O Dia
Investigadores apreenderam arquivo de imagens sexuais de professora e advogado com alunos
Marlos Bittencourt/O Dia
Investigadores apreenderam arquivo de imagens sexuais de professora e advogado com alunos

A mudança de comportamento do filho de dois anos e nove meses levou um casal à Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) do Rio de Janeiro na quinta-feira (28). Segundo a mãe, a criança de repente passou a pedir aos pais para que tirassem foto de seu pênis e lhes perguntava se o órgão era grande enquanto segurava um telefone celular. 

A princípio, a mãe não se preocupou com o comportamento diferente, mas se assustou ao ver uma reportagem sobre a prisão de Tatiana Mara Araújo, de 39 anos, professora da creche de seu filho, e o advogado Roberto Melvar Paz, 63, sob acusação de pedofilia.

Como ela, outros pais que identificaram crianças nas fotografias do acusado foram à delegacia denunciar. “Quando vi que a mulher acusada era professora da creche do meu filho, associei o comportamento dele ao caso. Na mesma hora perguntei: ‘Filho, a tia fez foto do seu lulu?’ Ele me respondeu que sim”, denunciou a mãe do menino.

Indício de uma grande rede Titular da Dcav, a delegada Cristiana Bento busca informações para explicar o caso, que chegou a ela por meio de uma denúncia anônima. “Parece que estamos diante de uma grande rede de pedófilos. A professora ficava amiga das mães para ganhar a confiança delas e ter acesso às crianças para entregá-las ao advogado”, afirmou.

Um total de 12 agentes foi mobilizado para o caso. O material apreendido causou revolta entre os policiais: dois HDs externos de computador cheios de fotografias com crianças de até oito anos em cenas de sexo e dezenas de calcinhas infantis, que foram encontrados com Paz.

Os agentes continuarão as investigações para buscar outros envolvidos com o que pode ser uma quadrilha criminosa concentrada nesse tipo de delito. Até a noite de quinta-feira (28) a professora continuava presa. Na opinião dos investigadores, ela teria outras informações para fornecer. “Vamos tentar tirar mais informações dela porque há um forte indício de que estamos lidando com uma rede especializada em pedofilia”, disse um policial.

O ex-marido da acusada também depôs no inquérito porque há a suspeita de que a filha dele, ex-enteada da presa, teria sido vítima de pedofilia. Na época, a menina, hoje com 17, tinha nove anos. Segundo agentes, o pai se encontrava transtornado e não conseguiu ver as fotos da filha, tiradas pela ex-mulher, com o advogado. No ato da prisão dela, declarou que a professora "era um monstro" e "odiava crianças".

Advogado contesta prisão
Roberto Malvar Paz: advogado acusado de manter relações sexuais com crianças de 9 anos
Reprodução/Facebook
Roberto Malvar Paz: advogado acusado de manter relações sexuais com crianças de 9 anos

O advogado Francisco Ortigão, contratado para defender Roberto Malvar Paz, esteve no Fórum no fim da tarde de quinta-feira para contestar a prisão preventiva do acusado. Segundo ele, os policiais que detiveram o advogado possuíam um mandado de prisão temporária, que deve valer por 60 dias, e portanto não poderiam ter optado por prendê-lo preventivamente – por tempo indeterminado.

Ortigão argumentou que, "quando nos deparamos com um acusado de crimes que nos chocam, temos a tendência de muitas vezes bestializá-lo ou de acreditarmos que se trata de alguém mentalmente incapaz". Ele apontou que acredita que a polícia exerce um trabalho "fundamental", mas que, antes de tudo, "é preciso lembrar da presunção de inocência, que vale para todos os cidadãos e garante nossa liberdade, até que se prove algum crime contra nós”.

O defensor apontou que o caso é delicado e requer muito cuidado para "se minimizar as chances de injustiças". Para ele, "este caso ainda está muito no início e devemos analisá-lo com serenidade, aguardando a decisão final da Justiça”.

Dona da creche diz não ter culpaA dona da creche ficou desesperada com a repercussão do caso envolvendo uma de suas funcionárias. Chorando muito, ela alegou não ter culpa de ter contratado a professora acusada de pedofilia e afirmou que a contratação foi para retribuir um favor que os pais de Tatiana lhe fizeram quando era criança. 

“Eles cuidaram de mim e da minha família quando a nossa casa foi a leilão. Quis retribuir a gratidão e aconteceu essa desgraça", lamentou. A dona da creche revelou que uma das crianças que aparecem nas imagens é sua sobrinha de 4 anos – a professora teria fotografado a menina enquanto os alunos trocavam de roupar para uma apresentação do Dia do Índio na escola.

Na quinta-feira, a creche de Caxias funcionou normalmente para as 25 crianças que a frequentam. Alguns pais, no entanto, afirmam que vão retirar os filhos do estabelecimento. A proprietária do local, no entanto, garante que outros prestaram solidariedade a ela.

Uma senhora de 56 anos, avó de um menino de três anos que frequenta a creche, é uma das que estão decididas a manter enteado na instituição. "Meu neto não sairá, ele gosta de lá. Nos conhecemos e sei que ela [a proprietária] não tem nada a ver com aquela mulher que se vestiu de cordeiro para molestar as crianças”, opinou a avó da criança. 

A creche funciona há oito anos no mesmo endereço. Não está descartada a possibilidade de Tatiana Araújo já ter trabalhado em outras escolas anteriormente.
 
por:IG

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