SP 247 - Documento
confidencial da Dersa mostra que a estatal paulista responsável pelas
rodovias pagou R$ 191,6 milhões à Odebrecht, por meio de um acordo de
2009 que foi fraudado.
A informação está no inquérito que investiga o
pagamento de propina ao então governador, José Serra (PSDB). O montante
equivale hoje a R$ 463,8 milhões e, segundo a delação da Odebrecht, a
Dersa só aceitou pagá-lo após a empreiteira acertar uma propina de R$
23,3 milhões a Serra, hoje senador.
Como relata reportagem
de Mario César Carvalho, na Folha de S. Paulo, a fraude teria ocorrido
dentro da estatal, de acordo com um perito contratado para analisar o
processo judicial e o acordo com um braço da Odebrecht para rodovias, a
CBPO.
Duas obras viraram motivo de disputa entre a Dersa e
a CBPO: a duplicação da rodovia Dom Pedro 1º e a construção da Carvalho
Pinto, que foram contratadas em 1988 e 1990, respectivamente, no
governo de Orestes Quércia.
A CBPO perdeu em primeira instância, recorreu e o Tribunal de Justiça concluiu que os expurgos do Plano Real não feriam a lei, mas a Dersa deixou de aplicar correção monetária nos pagamentos que atrasara. A Dersa tentou reverter o resultado do julgamento no Superior Tribunal de Justiça em 2008, mas perdeu.
O ex-executivo da Odebrecht Pedro Novis contou em delação que foi logo após essa derrota que o então presidente do PSDB, o ex-senador Sérgio Guerra (1947-2014), pediu R$ 30 milhões, a quem atendeu a pedido de Serra. O destino do dinheiro seria a campanha presidencial de Serra de 2010, na qual perderia para Dilma Rousseff (PT). A Odebrecht topou contribuir com R$ 23,3 milhões, ainda segundo Novis, desde que a Dersa acertasse as dívidas que já se arrastavam por cerca de 20 anos.
(Brasil247)
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