AMÉRICAS
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua: responsabilidade pela repressão,
que deixou 350 mortos desde abril, na visão da Casa Branca. (Oswaldo
Rivas/Reuters)
A Casa Branca responsabilizou e condenou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua mulher e vice-presidente, Rosario Murillo,
pela onda de violência provocada pelas forças de segurança e por grupos
paramilitares. Desde abril, a repressão oficial a manifestações
populares resultou na morte de 350 pessoas, na prisão e tortura de
outras centenas e na “falsa qualificação” dos oposicionistas como
“terroristas” e “golpistas”.
Em coerência com os apelos da comunidade internacional, a Casa Branca reiterou seu apoio à Igreja Católica
como mediadora das negociações entre o governo e a oposição da
Nicarágua e à organização de eleições justas e transparentes para
restaurar a democracia no país. A Igreja propôs a antecipação, para
2019, das eleições previstas para 2022.
“Ortega e Murillo são responsáveis em última instância pelos grupos
para-policiais favoráveis ao governo e que brutalizaram seu próprio
povo”, afirma a nota divulgada pela Presidência. “Os Estados Unidos
condenam fortemente a violência corrente na Nicarágua e os abusos contra
os direitos humanos cometidos pelo regime de Ortega como resposta aos
protestos.”
No documento, a Casa Branca avisa que vai expandir as sanções já aplicadas a três autoridades da Nicarágua – Francisco Diaz, Fidel Moreno e Francisco Lopez
– por violações aos direitos humanos também aos demais colaboradores do
regime de Ortega. Washington revogou ou restringiu a concessão de
vistos a funcionários do governo nicaraguense que tenham qualquer
relação com a repressão aos protestos ou atos de violência.
“Isso é o começo, não o final, de potenciais sanções.”
Segundo a nota, a Casa Branca iniciou a tramitação da devolução de
automóveis doados à Polícia Nacional da Nicarágua e que teriam sido
utilizados na repressão. As doações e venda de novos equipamentos estão
suspensas.
No âmbito diplomático, os Estados Unidos informaram sobre seu
engajamento com outros países das Américas, na Organização dos Estados
Americano, para a aprovação de uma resolução de condenação da violência
na Nicarágua, de apoio ao trabalho de investigação da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e em favor de eleições antecipadas no
país.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos havia
defendido mais sanções contra o governo Ortega. Os parlamentares
aprovaram por aclamação a resolução que condena “a perseguição e os
assassinatos de manifestantes pacíficos” por parte das autoridades
nicaraguenses.
Os protestos na Nicarágua começaram em 18 de abril contra a reforma
da Previdência. Com a repressão brutal das forças do governo e grupos
paramilitares, as manifestações passaram a pedir a renúncia de Ortega,
que governa o país desde 2007.
(Veja.Abril.com.br)
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