ELEIÇÕES 2018
© Ueslei Marcelino / Reuters
A flutuação do "centrão" entre
as candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) não é a
única movimentação ambígua de legendas na atual campanha presidencial.
Embora de estrutura mais modesta, o Pros (Partido Republicano da Ordem
Social) foi além.
Estabeleceu conversas sobre aliança com as principais
campanhas, apesar de várias deles serem antagônicas entre si: Alckmin,
Ciro, Lula (PT), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Álvaro
Dias (Podemos) e, por último, Jair Bolsonaro (PSL).
O site do partido exibe fotos das visitas de Alckmin, Meirelles e Alvaro Dias, além de representantes das demais campanhas.
O
único registro que não aparece é o encontro com o deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), um dos principais aliados de Bolsonaro, que pediu
para ser recebido pela legenda.
O Pros foi criado em 2013 pelo
ex-vereador de Planaltina de Goiás (a 60 km de Brasília) Eurípedes
Júnior, que até hoje comanda a legenda.
À época, a sigla atraiu deputados de várias partidos e acabou apoiando a reeleição de Dilma Rousseff.
"Algumas pessoas que estão dentro do partido têm a tendência a votar
com o governo... outros não. Tem todas as formas. Tem de tudo aqui
dentro", admitiu Eurípedes à época.
A sigla chegou a abrigar Ciro Gomes e aliados, mas o hoje presidenciável e seu grupo se desfiliaram após divergências.
O
Pros tem hoje apenas 11 dos 513 deputados. Mas seu apoio a uma das
candidaturas presidenciais adiciona ao tempo de propaganda do candidato
cerca de 13 segundos em cada bloco.
No caso de Bolsonaro, por
exemplo, por enquanto isolado, eventual apoio do Pros triplicaria seu
minúsculo espaço, totalizando cerca de 20 segundos a cada bloco.
Só
que há várias resistências no Pros a Bolsonaro. "O diálogo
institucional com os presidenciáveis ajuda a encontrar pontos comuns
entre os partidos para construção programática e alianças. Até o
momento, não consigo ver esses pontos com Bolsonaro", afirma o
secretário de assuntos parlamentares do Pros, Felipe Espirito Santo.
O
presidente do partido no Maranhão, o ex-ministro do Turismo Gastão
Vieira, e o deputado federal João Fernando Coutinho (PE) também são
contra e defendem aliança com a esquerda.
"É praticamente
impossível o embarque na candidatura do Bolsonaro. Isso
descaracterizaria o partido ideologicamente", diz Gastão. "De forma
alguma, essa hipótese [adesão a Bolsonaro] é totalmente descartada",
reforça.
O apoio a Alckmin também refluiu após o tucano obter o
apoio do centrão. Se o Pros decidisse aliar-se agora teria papel
insignificante na chapa, que conta com vários partidos maiores.
Com
isso, as maiores chances são de apoio ao PT, a Marina Silva, a Alvaro
Dias ou Meirelles. O Pros tem até um nome para indicar para vice, o do
ex-deputado federal Maurício Rands (PE), ex-filiado ao PT e ao PSB.
"É
natural, estamos em uma fase em que todo mundo conversa com todo mundo.
O Pros tem uma mensagem de renovação, uma mensagem progressista. Na
democracia, tem que haver a capacidade do diálogo", afirma Rands.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o partido negou que esteja participando de balcão de negócios.
"O
Pros quis ouvir os principais presidenciáveis e apresentou sua visão de
Brasil e proposições para o programa de governo. No Pros não há lastro
de radicalismo e nem arrogância quanto ao ouvir."
A legenda nega
que tenha discutido loteamento em futura gestão e diz que apresentou
quatro eixos programáticos aos candidatos à Presidência.
"Os
critérios se baseiam de forma macro em: apresentar os quatro eixos
temáticos do partido [reforma tributária, inovação, energias renováveis e
segurança pública] para serem acolhidos no programa de governo,
analisar o pensamento político, econômico e social de cada candidato,
leveza para nossos palanques estaduais, participação efetiva na campanha
presidencial e possível composição de chapa pra indicação de um vice."
O Pros deve fazer a sua convenção no final da semana que vem, prazo
limite para que as siglas se reúnam para definir o rumo que seguirão na
eleição.
(Com informações da Folhapress)
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