Rodrigo Maia afirmou que será candidato à reeleição como deputado federal - Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Rio - Em uma carta lida na manhã desta quinta-feira
pelo líder dos Democratas, ACM Neto, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), oficializou sua desistência de concorrer à Presidência da
República.
Maia está nos Estados Unidos para não se tornar
inelegível durante a ausência de Michel Temer (MDB). ACM leu a carta
durante o início da coletiva organizada pelos partidos do Centrão para
oficializar o apoio do bloco à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB).
"Agradeço apoio na tentativa de consolidar minha
candidatura à Presidência", disse Maia na carta. "A biografia de Alckmin
saberá honrar projetos e anseios que nossas legendas reúnem", emendou.
"Arquivo momentaneamente a pretensão presidencial", afirmou. Por fim,
Maia afirmou que será candidato à reeleição como deputado federal.
Leia a carta na íntegra:
"Meus amigos e amigas do Democratas, do PP, do PR, do Solidariedade, do PRB, do PHS e do Avante,
Nos quatro últimos meses, tivemos um convívio ainda
mais intenso do que o habitual. Agradeço o apoio incondicional que
recebi de todos, e de cada um de vocês, na tentativa de consolidar minha
candidatura à Presidência da República.
Agradeço, sobretudo, porque esse apoio vem sendo dado a
mim e àquilo que tento representar: a crença incondicional na força da
Democracia e da Política para superar todas as adversidades desse
momento singular, duro e difícil da vida nacional.
A decisão conjunta que tomamos, hoje anunciada
formalmente para o País, foi a de unir nossos esforços e nossos ideais
em torno do nome de Geraldo Alckmin, do PSDB. A biografia de Alckmin
saberá honrar os projetos, os anseios, a experiência e o espírito
público e republicano que nossas legendas reúnem como patrimônio
político de rara força e coesão no Brasil.
A oportunidade que recebi como delegação de vocês
permitiu-me voltar a viajar pelas cinco regiões brasileiras, algo que
fiz com frequência e com prazer quando fui presidente do DEM, e
constatar de perto avanços e retrocessos em todo o nosso território.
Voltei ao sertão nordestino, estive na cidade natal de
minha família, a paraibana Catolé do Rocha. Vi a esperança no olhar
forte dos sertanejos. Regressei ao Amazonas, a Manaus, onde testemunhei
as possibilidades e os desafios do crescimento econômico com
sustentabilidade. Constatei, nas planícies intermináveis do Centro
Oeste, o imenso retorno que o agronegócio vem dando à nossa economia e
ao nosso desenvolvimento.
E é claro que rodar o Brasil também fez com que se
tornasse mais aguda a minha visão dos gargalos que travam o país, da
miséria que nos envergonha e da insegurança que nos amedronta e nos
atormenta.
A logística do Brasil é precária e reduz nossa
competitividade industrial, além de nos impor perdas enormes no setor
agropecuário. A violência se espalhou de forma epidêmica pelas
metrópoles, pelas cidades médias e até mesmo no interior antes tão
pacato.
Em muitos Estados o crime organizado parece vencer o
Estado. A desigualdade social é quase uma afronta pessoal numa Nação
onde 13,4 milhões de pessoas vivem em situação de extrema pobreza e onde
metade dos trabalhadores ainda recebem menos do que um salário mínimo
por mês. É triste, é revoltante, constatar que a mortalidade infantil
voltou a crescer entre nós, e que doenças outrora erradicadas voltaram a
ameaçar o contágio da população brasileira - como o sarampo e a pólio,
por exemplo.
São essas desigualdades, são esses retrocessos capazes
de escrever tragédias particulares no seio das famílias brasileiras, que
me levam a trilhar com vocês o caminho da unidade em torno de um
projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas-à-ré
ainda maiores e mais trágicas para o Brasil.
A História não nos dá o direito de andar para trás.
Tenham certeza disso minhas amigas e meus amigos dos partidos que
compõem, com o DEM, aquilo que corretamente chamamos de Centro
Democrático.
É centro porque é o ambiente em que as pessoas não
abrem mão de seus princípios nem de suas ideias. É o ambiente em que
políticos de todos os matizes podem sentar e dialogar para construir
consensos. Se o consenso não for possível, para o centro convergem as
maiorias sem que ninguém se apequene e fazendo com que todos persigam o
avanço.
É democrático porque jamais deixou-nos fugir a certeza
de que não há outro caminho que não seja a política, e de que não há
Democracia consolidada sem instituições transparentes e funcionando em
plenitude e normalidade.
Dirijo-me a vocês, à distância porque a legislação
assim me obriga, porque sei que dessa forma dialogo com a maioria do
povo brasileiro que os nossos partidos representam.
Arquivo, momentaneamente, a pretensão presidencial que
vislumbrei para marcharmos juntos, em 2018, com o projeto que estamos
construindo em torno de Geraldo Alckmin. Serei candidato a deputado
federal pelo Rio de Janeiro e mais uma vez empenharei o novo mandato que
espero ter a honra de conquistar em favor do Brasil e dos brasileiros.
Estaremos juntos, sempre.
Obrigado, Rodrigo Maia."
(Estadão Conteúdo)
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