Ciro Gomes - Reprodução
São Paulo - Após ser criticado por juristas e
analistas, o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT)
afirmou que as declarações de que, se eleito, colocaria o Judiciário e o
Ministério Público de volta em suas "caixinhas" foram tiradas de
contexto para gerar intrigas. Na ocasião, também disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "só teria chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder".
As declarações foram dadas em Ananindeua, no Pará, onde o candidato
participou da convenção estadual do seu partido nesta quarta-feira e são
uma resposta às informações reveladas em reportagem do jornal O Estado
de S. Paulo.
No Pará, o pedetista disse que essa declaração foi
tirada do contexto. "Quando eu disse a gente, eu não quis dizer eu. Quis
dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de
direito, com o restabelecimento da autoridade, do império da lei que,
no Brasil, parece estar completamente deformada".
Segundo ele, o termo caixinha foi uma figura de
linguagem usada para explicar que Judiciário e Ministério Público "não
podem se meter em tudo". "Isso é uma expressão que todo mundo conhece.
Só a fraude tenta fazer esse tipo de intriga. No Brasil, está cada um
trabalhando fora da sua caixa", disse o candidato.
Ciro defendeu, ainda, a necessidade de restaurar "o
império da lei". "O Judiciário julga, o Legislativo legisla e o
Executivo executa. Não é possível que o Judiciário queira executar. (Não
é possível) que no Brasil cada prefeito esteja subordinado ao
constrangimento, à humilhação de um jovem membro do Ministério Público
que, ainda que de boa fé, deforme reputações, se meta onde não deve. O
país não aguenta mais essa baderna", declarou pouco antes de subir ao
palanque.
No dia 20, a convenção nacional do PDT confirmou sua candidatura ao Planalto. Ainda falta definir quem será o vice.
Viagem
Ciro Gomes desembarcou na manhã de quarta-feira em
Belém e seguiu para um ginásio no município de Ananindeua, na região
metropolitana, onde era esperado por membros do PDT e também pelo
prefeito da cidade, Manoel Pioneiro, do PSDB. Outro convidado especial
da convenção do PDT foi o pré-candidato ao governo do Estado pelo DEM,
Márcio Miranda. No Pará, o PDT apoiará Miranda, que terá como vice um
nome a ser indicado pelos tucanos.
Indagado sobre a aliança, o pedetista afirmou que "o
Brasil é uma federação complexa" e que, no Pará, o objetivo é derrotar o
MDB. No Estado, a sigla tem como candidato ao governo o ex-ministro
Helder Barbalho, filho do senador Jader.
O PDT negocia também aliança com o PSD, partido que
apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Se olhar para
trás, é quase impossível (explicar a aliança para os eleitores), mas
estamos olhando para frente". Indagado se as alianças não deixariam os
eleitores confusos, afirmou que "o povo brasileiro é mais inteligente do
que julga o nosso vão jornalismo".
(Estadão Conteúdo)
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