CORRUPÇÃO
Reuters / Stringer
O primeiro acordo de delação
premiada com o Ministério Público Federal, no âmbito da operação Lava
Jato, foi firmado em agosto de 2014 com o ex-diretor de abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa. Desde então, cerca de R$ 13,4 bilhões
foram recuperados após um dos maiores escândalos de corrupção na
Petrobras ter sido descoberto com as investigações.
Quatro anos depois do lançamento da operação Lava Jato, já foram
firmados 194 acordos de colaboração premiada pelo Ministério Público em
Curitiba, Rio e Brasília.
Costa foi o responsável iniciar as
revelações e detalhes do esquema que envolveu indicação de cargos na
estatal, pagamento de propinas, formação de cartel de empresas e
repasses aos partidos políticos.
Embora não seja certo o montante desviado pela corrupção na
Petrobras, procuradores da força-tarefa já estimaram o rombo em R$ 20
bilhões. Um terço deste valor há foi recuperado, segundo destaca a Folha
de S. Paulo com base em cálculos da Polícia Federal.
"É um número
extraordinário, muito alto", diz Celso Vilardi, professor da
pós-graduação em Direito Penal Econômico da Fundação Getulio Vargas, em
entrevista à Folha. "A recuperação de valores no Brasil era muito
difícil."
Segundo Vilardi, a restituição dos valores está mais
atrelada aos acordos de leniência, ainda que, muitas vezes, as
colaborações premiadas impulsionem a empresa a fazer sua própria
negociação. "O que se pode afirmar é que a simbiose, a somatória entre
as colaborações e as leniências, foram responsáveis por esse número
excepcional", diz.
Segundo o professor, a Lava Jato demonstrou um caminho pelo qual é possível recuperar dinheiro com penas alternativas à prisão.
No
entanto, o professor de Direito Penal do IDP (Instituto de Direito
Público) de São Paulo, João Paulo Martinelli, tem uma visão mais crítica
sobre os acordos. Segundo ele, a priorização dos acordos indica que o
Estado tem mais interesse em recuperar os valores do que em punir.
"Considerando todo o histórico é um valor alto. Inclusive o preço que se
paga é a aplicação de penas bastante esdrúxulas para os delatores.
Dentro dessa visão de que o mais importante é recuperar, vale a pena."
"Se fosse pensar na punição, o Estado teria que investir mais na
inteligência. A delação seria o último recurso a ser utilizado, não o
primeiro. O correto é que fosse o último, para o Estado não precisar
conceder tantos favores", destaca o professor.
(por Notícias Ao Minuto)
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