Cármen Lúcia: presidente do Supremo também é presidente da República em exercício com viagem de Temer - Nelson Jr./SCO/STF
Rio - A presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF) e também presidente da República em
exercício, Cármen Lúcia, disse nesta sexta-feira que o poder judiciário
brasileiro precisa ser transformado para atender aos anseios da
sociedade. Segundo ela, a Constituição Federal, que completa 30 anos em
2018, trouxe muitos avanços para a democracia brasileira, mas ainda há
problemas a serem superados, inclusive privilégios da categoria do
judiciário.
“Não tenho dúvidas que, como todas as instituições
estatais, passando por mudanças no mundo como temos passado, no Brasil
também, é preciso que tenha mudanças, algumas estruturais, algumas que
são apenas funcionais. Não tenho dúvidas que privilégios que são
indicados, inclusive pelas corporações do sistema de justiça,
magistratura, ministério público, tem que ser pensados, repensados,
refeitos, restringidos aos limites da legalidade, que é o que nós temos
tentado fazer permanentemente”, disse a presidente interina, em palestra
na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Ela citou como avanços nessa direção a transparência
dos gastos, com a publicação dos ganhos dos quase 18 mil juízes
brasileiros no site do Conselho Nacional de Justiça, além da
Corregedoria Nacional de Justiça. Outro problema citado por Cármen Lúcia
é a demora para a conclusão nos processos judiciais, que, segundo ela,
“continua sendo mais do que o razoável que a Constituição estabelece
como direito das pessoas”. De acordo com a ministra, o Brasil tem 80
milhões de processos e 18 mil cargos de juiz, sendo que 23% das vagas
não estão providas por causa do limite de gastos no judiciário.
“Estamos pensando em soluções. Criamos a câmara digital
de litigação, considerando que o segundo maior litigante no sistema
judicial brasileiro é o sistema bancário. Criamos mecanismos novos de
mediação, que sem a pessoa precisar sair de casa, possa impedir a
judicialização excessiva, o que tira o tempo do juiz se dedicar às
grandes causas”, disse Cármen Lúcia.
Superação de divergências
A ministra destacou que o país passa por um momento de
insegurança econômica, política e também jurídica, o que requer a união
de todos e superação das divergências em prol do estado democrático de
direito, sem a perda do elo humano que faz do Brasil um país único, “e
não 200 milhões de brasis”.
“Não acho que tenhamos uma tarefa fácil nem nos
próximos dias, nos próximos meses talvez nem nos próximos anos. Mas,
fácil ou difícil, essa é a tarefa que nós temos para que a gente tenha
chance de viver bem. Mas, principalmente, para que os que vierem depois
de nós saibam que nós tentamos. A democracia é uma planta muito tenra e a
gente tem que cuidar todo dia, porque a erva daninha toma conta muito
depressa e não precisa de cuidado. Mas eu não gosto de erva daninha. Eu
tenho gosto é da flor da democracia e é com ela que eu quero viver”,
disse Cármen Lúcia.
(Por
Agência Brasil)
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