domingo, 30 de setembro de 2018

Candidatos ao governo do Rio tentam conquistar eleitores de Garotinho. Ex-governador está proibido pelo TSE de concorrer ao pleito

ELEIÇÕES 2018: RIO DE JANEIRO
 Eduardo Paes

Rio - A uma semana do primeiro turno da eleição, candidatos ao governo do Rio foram obrigados a reorganizar as suas campanhas. Para a reta final, eles desenham novas estratégias em busca de um objetivo: os eleitores de Anthony Garotinho (PRP), proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de concorrer. O debate da TV Globo, na próxima terça-feira, será a prova de fogo.

Ao mesmo tempo que era declarado inelegível, Garotinho cresceu nas pesquisas e assumiu a segunda posição, ultrapassando Romário Faria (Podemos). No Datafolha, o ex-governador subiu de 12% para 15%. No Ibope, ele ganhou quatro pontos: de 12% para 16%. O nome de Garotinho aparecerá nas urnas eleitorais, mas seus votos serão considerados nulos. Ele recorre da decisão.

Nos bastidores, a saída de Garotinho foi comemorada por estrategistas de Eduardo Paes (DEM), pelo próprio ex-prefeito e por aliados. O grupo flerta com vitória no primeiro turno. Para isso, quer evitar que os eleitores de baixa renda de Garotinho, além dos evangélicos, migrem para Romário, ex-jogador de futebol de forte apelo popular.

Senador não descarta apoio

No debate da TV Record da última sexta-feira, Paes já deu sinais do plano. Focou em perguntas técnicas a Romário para explorar a falta de experiência administrativa do adversário. Após o encontro, o ex-prefeito desconversou: "Vou seguir a minha campanha normal. Concentrarei os atos na Região Metropolitana nesses últimos dias e aguardarei, tranquilamente, no domingo (7 de outubro), a população escolher".

De olho no segundo turno, Romário tem evitado atacar Garotinho. A intenção será reafirmar a sua origem pobre. No discurso, apela para a popularidade conquistada no futebol. Em seus programas eleitorais pede votos da torcida carioca. Ele jogou pelo Vasco, Flamengo e Fluminense. O tom contra os adversários será mais agressivo, da época de quando era bad boy dentro e fora dos campos.

"O Garotinho tem eleitores da classe C, D e E. Posso dizer que são praticamente os meus eleitores. Discordo de muita coisa que ele faz e fala, mas temos duas coisas em comum: acabar de vez com essa quadrilha (política) do Rio de Janeiro e as propostas para os jovens. Temos que criar projetos sociais para levá-los de volta à família e à sociedade, porque nós os estamos perdendo para o tráfico. Acredito que nenhum outro candidato tenha perfil para receber esses votos do Garotinho", afirmou o senador.

Romário não descarta um apoio informal de Garotinho: "Aprendi a respeitar a dor das pessoas. Tanto Garotinho quanto a sua família devem estar vivendo um momento muito difícil. Mas se a gente tiver de sentar para conversar, sentaremos. Estarei aberto para uma conversa".

Os candidatos também trabalham com a hipótese de que parte do eleitorado de Garotinho anulará os votos porque vão digitar o número do ex-governador nas urnas. O TSE confirmou decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), que suspendeu a candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. Garotinho foi condenado por improbidade administrativa e em um processo criminal.

Após pegar carona no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Indio da Costa (PSD), em quarto lugar nas pesquisas, vai mirar esta semana em Paes e Romário.

"A estratégia é marcar as diferenças entre Indio e Eduardo Paes nas redes sociais, na TV e nos debates. E mostrar a falta de qualificação do Romário para governar", revela Jackson Vasconcelos, coordenador de campanha de Indio.

Tarcísio Motta (Psol), por sua vez, apostará todas as fichas no debate da Globo. A ideia é reforçar a imagem do candidato de oposição, ressaltando que o partido não fez alianças com o PMDB do ex-governador Sérgio Cabral, preso por corrupção na Operação Lava Jato.

(por:Cassio Bruno/O Dia)

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