Rio - A uma
semana do primeiro turno da eleição, candidatos ao governo do Rio foram
obrigados a reorganizar as suas campanhas. Para a reta final, eles
desenham novas estratégias em busca de um objetivo: os eleitores de
Anthony Garotinho (PRP), proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
de concorrer. O debate da TV Globo, na próxima terça-feira, será a
prova de fogo.
Ao mesmo tempo que era declarado inelegível, Garotinho
cresceu nas pesquisas e assumiu a segunda posição, ultrapassando Romário
Faria (Podemos). No Datafolha, o ex-governador subiu de 12% para 15%.
No Ibope, ele ganhou quatro pontos: de 12% para 16%. O nome de Garotinho
aparecerá nas urnas eleitorais, mas seus votos serão considerados
nulos. Ele recorre da decisão.
Nos bastidores, a saída de Garotinho foi comemorada por
estrategistas de Eduardo Paes (DEM), pelo próprio ex-prefeito e por
aliados. O grupo flerta com vitória no primeiro turno. Para isso, quer
evitar que os eleitores de baixa renda de Garotinho, além dos
evangélicos, migrem para Romário, ex-jogador de futebol de forte apelo
popular.
Senador não descarta apoio
No debate da TV Record da última sexta-feira, Paes já
deu sinais do plano. Focou em perguntas técnicas a Romário para explorar
a falta de experiência administrativa do adversário. Após o encontro, o
ex-prefeito desconversou: "Vou seguir a minha campanha normal.
Concentrarei os atos na Região Metropolitana nesses últimos dias e
aguardarei, tranquilamente, no domingo (7 de outubro), a população
escolher".
De olho no segundo turno, Romário tem evitado atacar
Garotinho. A intenção será reafirmar a sua origem pobre. No discurso,
apela para a popularidade conquistada no futebol. Em seus programas
eleitorais pede votos da torcida carioca. Ele jogou pelo Vasco, Flamengo
e Fluminense. O tom contra os adversários será mais agressivo, da época
de quando era bad boy dentro e fora dos campos.
"O Garotinho tem eleitores da classe C, D e E. Posso
dizer que são praticamente os meus eleitores. Discordo de muita coisa
que ele faz e fala, mas temos duas coisas em comum: acabar de vez com
essa quadrilha (política) do Rio de Janeiro e as propostas para os
jovens. Temos que criar projetos sociais para levá-los de volta à
família e à sociedade, porque nós os estamos perdendo para o tráfico.
Acredito que nenhum outro candidato tenha perfil para receber esses
votos do Garotinho", afirmou o senador.
Romário não descarta um apoio informal de Garotinho:
"Aprendi a respeitar a dor das pessoas. Tanto Garotinho quanto a sua
família devem estar vivendo um momento muito difícil. Mas se a gente
tiver de sentar para conversar, sentaremos. Estarei aberto para uma
conversa".
Os candidatos também trabalham com a hipótese de que
parte do eleitorado de Garotinho anulará os votos porque vão digitar o
número do ex-governador nas urnas. O TSE confirmou decisão do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-RJ), que suspendeu a candidatura com base na Lei
da Ficha Limpa. Garotinho foi condenado por improbidade administrativa e
em um processo criminal.
Após pegar carona no presidenciável Jair Bolsonaro
(PSL), Indio da Costa (PSD), em quarto lugar nas pesquisas, vai mirar
esta semana em Paes e Romário.
"A estratégia é marcar as diferenças entre Indio e
Eduardo Paes nas redes sociais, na TV e nos debates. E mostrar a falta
de qualificação do Romário para governar", revela Jackson Vasconcelos,
coordenador de campanha de Indio.
Tarcísio Motta (Psol), por sua vez, apostará todas as
fichas no debate da Globo. A ideia é reforçar a imagem do candidato de
oposição, ressaltando que o partido não fez alianças com o PMDB do
ex-governador Sérgio Cabral, preso por corrupção na Operação Lava Jato.
(por:Cassio Bruno/O Dia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário