Milton Fernandes divulgou comunicado sobre a suspensão do pagamento do benefício, em torno de R$ 10 mil, previsto em lei - Alexandre Brum / Agência O Dia
Rio - A Corregedoria Nacional de Justiça decidiu 'botar
a mão' no bolso dos desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ).
Determinou a suspensão do pagamento de benefício pelo acúmulo de função,
que acontece quando de 20 a 30 magistrados estão de férias ou licença,
segundo alguns magistrados revelaram ao DIA. Cada um
recebe R$ 10 mil a mais do salário médio de R$ 30 mil, como verba
indenizatória, aquela que não é tributada pelo Imposto de Renda e nem
contabilizada pela Previdência, por no máximo dez meses. Só no ano
passado, o TJ gastou com todos os 'penduricalhos' R$ 642 milhões e R$
3,9 bilhões com pessoal.
E mais: a Corregedoria e o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), que fiscalizam os tribunais, querem saber ainda quanto cada um
recebeu e quem ultrapassou, por causa disso, o teto de R$ 33.763. É que
os órgãos entendem que o pagamento pelo chamado exercício cumulativo tem
que ser classificado como quantia remuneratória. Assim, o valor cairia
de R$ 10 mil para R$ 3 mil. O Conselho exigiu uma auditoria. Em nota, a
Corregedoria foi taxativa: "O pagamento de qualquer verba remuneratória
ou indenizatória não prevista na Lei Orgânica da Magistratura só poderá
ser realizado após autorização prévia do Conselho Nacional de Justiça." E
emendou: "A violação do aludido dispositivo poderá ensejar a aplicação
de medidas disciplinares pelo CNJ".
Dados até 17 de outubro
As informações requisitadas pela Corregedoria terão que
ser entregues até o dia 17 de outubro. Na segunda-feira, o presidente
do Tribunal de Justiça, Milton Fernandes de Souza, enviou comunicado aos
desembargadores sobre a suspensão do pagamento do benefício por
acumulação, previsto em lei estadual. E anunciou: "Foram tomadas as
medidas necessárias na tentativa de suspender imediatamente a eficácia
do referido pedido de providências", em um dos trechos da mensagem.
O TJ tem 180 desembargadores, 901 juízes e 17.020
servidores, segundo relatório em Números do CNJ deste ano. Cada
magistrado custa em média, por mês, R$ 59.074, mais do que a média
nacional de R$ 48,5 mil. Procurado, o TJ não se pronunciou sobre o
assunto. Nos bastidores, os magistrados trataram a questão como uma
bomba.
Batalha sobre aumento de 5%
Os dois lados de um mesmo estado. Enquanto a
Corregedoria e o CNJ apertam o controle no Tribunal de Justiça do Rio, o
governo falido, com o 'pires na mão', luta para não pagar o aumento de
5% de aumento concedido pela Assembleia Legislativa aos juízes,
servidores, promotores e defensores.
(por:Adriana Cruz/O Dia)
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