DÉBITO
Perdão só foi menor que o de 2008, na gestão do ex-presidente Lula
O último grande Refis, concedido pelo governo federal durante a
gestão do ex-presidente Michel Temer, perdoou R$ 47,4 bilhões em dívidas
de 131 mil contribuintes, de acordo com o balanço final do programa de
parcelamento de débitos tributários, obtido pelo ‘Estadão/Broadcast’. O
restante – R$ 59,5 bilhões, ou pouco mais da metade da dívida original –
foi parcelado em até 175 prestações.
Os parcelamentos especiais permitem que empresas refinanciem dívidas
com descontos sobre juros, multas e encargos. Em troca, o governo recebe
uma parcela da dívida adiantada, mas abre mão de uma parcela do que
ganharia com juros e multas.
Parlamentares, muitos deles inclusive com dívidas com o Fisco,
fizeram ao longo de 2017 forte pressão sobre o governo Temer para
melhorar as condições do Refis, lançado em janeiro e que acabou virando
lei só em outubro do mesmo ano. Em meio às investida.s, o governo cedeu
de olho num futuro apoio à reforma da Previdência – que acabou sendo
engavetada. Os descontos chegaram a até 70% em multas e 90% em juros.
Com os abatimentos, a renúncia do Refis do ano passado – oficialmente
chamado de Programa Especial de Regularização Tributária (Pert) – só
foi menor que o perdão de R$ 60,9 bilhões do Refis da Crise, lançado no
fim de 2008, depois que as empresas brasileiras foram atingidas pelo
impacto da crise financeira internacional.
Os dados oficiais já estão nas mãos do secretário especial da Receita
Federal, Marcos Cintra, que disse contar com aumento da arrecadação com
a certeza dos contribuintes de que na gestão do ministro da Economia,
Paulo Guedes, não haverá mais programas de parcelamento de débitos
tributários. Cintra é contrário aos parcelamentos especiais e está à
frente da elaboração de um programa de combate ao devedor contumaz. Para
ele, os Refis têm sido usados como artifício protelatório por devedores
viciados nesse tipo de programa.
“A principal mensagem e missão frente à Receita é fazer todos
pagarem, pois assim os atuais contribuintes pagarão menos, e a pressão
fiscal poderá diminuir”, diz Cintra ao Estadão/Broadcast. “Em princípio,
defendo a proibição de novos programas de parcelamentos incentivados”,
acrescenta.
Acomodação. Os dados entregues a Cintra apontam que a
concessão reiterada de parcelamentos “criou acomodação nos
contribuintes, que não se preocupam mais em liquidar suas dívidas”. No
balanço final dos parcelamentos, o Fisco identificou que um grupo
importante de contribuintes participou de três ou mais modalidades de
Refis, o que para a Receita caracteriza utilização contumaz desse tipo
de parcelamento. A Receita avalia que há uma clara estratégia dos
devedores em ficarem “rolando” a dívida.
O raio-X dos últimos grandes Refis revelou que os contribuintes que
aderiram a três parcelamentos ou mais detêm uma dívida superior a R$ 160
bilhões. Desse valor, quase 70% são de empresas que têm faturamento
anual superior a R$ 150 milhões e estão sujeitas a acompanhamento
diferenciado pelo Fisco.
A metade dos contribuintes, historicamente, após a adesão se torna
inadimplente, seja das obrigações correntes com o pagamento dos impostos
seja das parcelas do programa. O calote leva à exclusão do programa e o
contribuinte e o fim dos benefícios.
A justificativa do Congresso para tentar ampliar os descontos do
último programa era sempre dar condições aos empresários afetados pela
crise para regularizar a situação, voltar a ter capacidade de investir e
poder pagar suas obrigações em dia. Mas, segundo os dados da Receita,
as empresas optantes dos programas apresentaram crescimento de lucros
nos anos de parcelamento e queda no período anterior, em movimento
contrário ou de maior proporção ao das companhias que não fizeram a
adesão ao programa.
O raio-X dos últimos grandes Refis revelou que os contribuintes que
aderiram a três parcelamentos ou mais detêm uma dívida superior a R$ 160
bilhões. Desse valor, quase 70% são de empresas que têm faturamento
anual superior a R$ 150 milhões e estão sujeitas a acompanhamento diferenciado pelo Fisco.
A metade dos contribuintes, historicamente, após a adesão se torna
inadimplente, seja das obrigações correntes com o pagamento dos impostos
seja das parcelas do programa. O calote leva à exclusão do programa e o
contribuinte e o fim dos benefícios.
A justificativa do Congresso para tentar ampliar os descontos do
último programa era sempre dar condições aos empresários afetados pela
crise para regularizar a situação, voltar a ter capacidade de investir e
poder pagar suas obrigações em dia. Mas, segundo os dados da Receita,
as empresas optantes dos programas apresentaram crescimento de lucros
nos anos de parcelamento e queda no período anterior, em movimento
contrário ou de maior proporção ao das companhias que não fizeram a
adesão ao programa.
Além de fechar as brechas para novos Refis, o novo governo quer
simplificar a legislação e eliminar os pontos de conflito que geram
disputas judiciais com os contribuintes.
(Agência Estado)
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