
Toffoli (Orlando Brito/.)
Havia uma casca de banana
do outro lado da rua. O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), atravessou a rua sem que tivesse sido forçado a
fazer isso, pisou na casca de banana que era perfeitamente visível, e
esparramou-se no chão.
Por que o fez? Sabe-se
lá. A única explicação plausível é que fez por soberba, para demonstrar
que detém a força conferida por seu cargo e que está disposto a usá-la
sempre que tiver vontade. De fato, o presidente do STF pode muito, mas
não pode tudo.
Ao informar à Lava Jato
que Toffoli era “o amigo do amigo do meu pai”, o empresário Marcelo
Odebrecht apenas quis dizer que Toffoli era Advogado Geral da União
(AGU) à época em que seu pai Emílio fazia negócios nem sempre limpos com
o governo Lula.
Pelas mãos de Toffoli passou o caso da construção de hidrelétricas no
rio Madeira. A Lava Jato investiga se houve superfaturamento de preços
cobrados pela Odebrecht em algumas dessas obras. Por ora, nada há que
macule a reputação de Toffoli.
Então por que ele,
procurado para se explicar, não se explicou? Preferiu pedir ao ministro
Alexandre de Moraes que censurasse a revista e o site que contaram a
história. Desatou então a crise que só serve para desprestigiar o
tribunal que preside.
Ninguém chega impunemente
à posição que Toffoli chegou. Reprovado duas vezes em concurso para
juiz, fez carreira como empregado do PT. Foi assessor do ex-ministro
José Dirceu e dali saltou para a AGU. Foi recompensado com a nomeação
para o STF.
Uma vez lá, pagou o
pedágio que quase todos os ministros de tribunais superiores pagam aos
governos que lhes deram a toga. Sente-se agora liberado para proceder de
acordo com sua própria cabeça. Como sua cabeça não é das melhores
deu-se mal.
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