CONSEQUÊNCIAS
Comissão da Câmara de Natal
As mudanças propostas
na lei da nova Reforma da Previdência que está em tramitação no
Congresso Nacional foram tema de uma audiência pública na Câmara
Municipal do Natal.
O debate foi proposto pela Comissão dos Direitos da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida e foi presidido pela vereadora
Divaneide Basílio (PT), que é a vice-presidente da Comissão. O encontro
debateu os impactos que as alterações no pacote apresentado pelo governo
federal irão influenciar na vida das pessoas com deficiência,
principalmente no tocante aos limites e as possibilidades do Benefício
de Prestação Continuada, o BPC. De acordo com a vereadora, os assuntos
discutidos serão encaminhados aos parlamentares da bancada federal do
estado.
“Nós vamos fazer uma nota da comissão e encaminhar para todos os
parlamentares da nossa bancada, mostrando o posicionamento da população e
deixando claro, que essa reforma não reflete as necessidades das
pessoas com deficiência”, disse.
O vereador Franklin Capistrano (PSB), durante seu discurso comentou
sobre a falta de clareza do projeto e o impacto das mudanças na vida dos
brasileiros.
“Não sei o que a reforma vai fazer ou trazer. A população de um modo
geral não está atenta. É preciso que haja transparência ao projeto. Os
pontos primordiais ninguém conhece. O que será dos servidores,
trabalhadores, das mulheres já aposentados?”, questionou.
Para o vereador Robson Carvalho (PMB) é um dever de todos debater o
tema, para que não exista surpresa por parte da população. “Esse tema
tem que ser debatido democraticamente nas casas legislativas de todo o
país, já que é uma reforma que impacta diretamente na vida de todos. As
pessoas precisam saber o que está passando no conteúdo dessa mudança,
então precisamos enraizar as discussões e a presença das pessoas junto
aos questionamentos necessários”, afirmou.
O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, esteve
presente na audiência. Para ele, as mudanças vão contra o que realmente é
de necessidade e anseio da população brasileira. “Não é uma reforma, é
um ajuste fiscal que põe na conta do trabalhador a reorganização das
contas do governo. Queremos debater a ampliação da proteção social. Nós
sabemos que as políticas públicas de proteção social não conseguiram
atender a todos que possuem direito, especialmente no BPC, então não
podemos reduzir os benefícios dos mais pobres e sim ampliá-los”,
destacou.
O ex-ministro também elogiou o debate realizado no legislativo
municipal. “As Câmaras Municipais devem realizar esse debate, a Câmara
de Natal está de parabéns. O reflexo da reforma vai atingir diretamente
as cidades, vai aumentar as desigualdades, vai aumentar a miséria nas
cidades e isso vai bater na conta dos prefeitos e vereadores, pois é na
cidade que a vida acontece. É preciso debater e se posicionar”, elogiou.
Representante da Associação dos Deficientes Físicos do Rio Grande do
Norte, Aníbal Luiz criticou a proposta da reforma e os impactos
negativos que serão submetidas pessoas com deficiência e mobilidade
reduzida no país.
“O que está sendo apresentado vai a desencontro dos interesses dos
deficientes e idosos, já que o BPC é para pessoas que precisam de renda
para a sobrevivência. Com a nova reforma são colocados mais critérios e
pré-requisitos entre eles, o da renda per capita, que atualmente é de
até um quarto do salário mínimo e deveria ao menos passar para meio
salário mínimo, para que os beneficiários possam ter a condição de poder
tentar sobreviver com esse valor”, Aníbal.
O diretor-presidente do Instituto da Previdência Estado do Rio Grande
do Norte (IPERN), Nereu Linhares, explicou como serão as alterações
para os deficientes dentro da nova proposta.
“Para o deficiente se criou os graus de deficiente, e se criou
situações para a aposentadoria de deficiente. No caso daquele que
contribui com a previdência, vai haver um aumento em até 35 anos de
trabalho para o deficiente. O que depende do BPC não houve um impacto
direto, mas quando o Governo pretende reduzir de um salário mínimo para
quatrocentos reais, ele acaba atingido, pois na hora que faltam
recursos, quem mantém aquela pessoa ou idoso e que muitas vezes são os
familiares, pais, filhos, netos, eles vão ter que arcar com a
complementação dessa receita e muitos não possuem essa condição
financeira”, explicou.
(AgoraRN)
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