segunda-feira, 1 de abril de 2019

Palestina condena decisão de Bolsonaro e chama embaixador para consultas. Chanceler Riad Malki declarou que transferência de parte da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém é 'violação flagrante'

VISITA A ISRAEL
 
 No domingo, Bolsonaro se reuniu com Netanyahu e anunciou a transferência de parte da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém (Alan Santos/PR)

A Autoridade Palestina condenou a decisão do governo Bolsonaro de abrir um escritório de negócios em Jerusalém e convocou, neste domingo, 31, seu embaixador no Brasil para consultas.

Bolsonaro fez o anúncio da abertura do escritório de negócios após se reunir com o premiê Benjamin Netanyahu neste domingo, seu primeiro dia de visita a Israel.

“(A abertura da representação) é uma violação flagrante ao povo palestino e seus direitos, bem como uma aprovação à pressão americana e israelense”, afirmou o chanceler Riad Malki, segundo a agência palestina de notícias Wafa.

Malki disse que a medida tem como objetivo “perpetuar a ocupação, as atividades de assentamentos e a anexação da parte ocupada de Jerusalém”, além de “impor à força” a lei israelense na região.

O ministro também reafirmou que os palestinos consideram Jerusalém como parte do território palestino ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e que essas ações “não darão à ocupação (Israel) direitos sobre Jerusalém Oriental e seus arredores”.

A abertura do escritório é uma saída diplomática após a saia justa que Bolsonaro se colocou com países árabes ao ter manifestado que iria transferir a embaixada Brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém logo após ser eleito.

Segundo o jornal The Jerusalem Post, a Autoridade Palestina irá debater com outros países uma resposta unificada para a decisão brasileira.

Sem visita

O ministro-chefe do Gabinete Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que o governo nem sequer pensou em incluir uma visita oficial aos territórios palestinos durante a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel. Apesar dessa omissão, o general negou haver “desequilíbrio” na política externa brasileira na região.

No entanto, após a declaração, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o governo brasileiro está à disposição para negociar uma possível viagem aos territórios palestinos.

Em declaração à imprensa no hotel onde o presidente Jair Bolsonaro está hospedado em Israel, o porta-voz evitou comentar o fato mais a fundo ou confirmar se viagens à Palestina ou a outras nações árabes são uma possibilidade para o governo.

Questionado, contudo, sobre as queixas das autoridades palestinas sobre a falta de resposta do Brasil aos muitos convites para uma visita oficial, Rêgo Barros afirmou que a questão será discutida.

“O nosso Ministério das Relações Exteriores vai buscar esse contato para aclarar algumas dúvidas e colocar-se a disposição para estabelecer um link para futuras viagens a esses países e a outros países”, disse.

Questionado sobre a razão de o presidente Bolsonaro ter excluído uma visita aos territórios palestinos, o general  Heleno afirmou que “nem se pensou sobre isso”. “É a mesma coisa: outro dia, fomos à Argentina e não fomos ao Chile. Querem fazer ilações que não são corretas”, disse. “Não tem tempo. Se formos para a Palestina, vamos alongar a viagem”.



(Com Estadão Conteúdo)

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