Um barco do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi incendiado neste sábado (28), durante um novo ataque em Humaitá, no Sul do Amazonas. Garimpeiros são suspeitos do crime, que teria sido cometido em represália a uma operação dos órgãos ambientais.
Após o ataque, funcionários do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que atuavam na cidade, deixaram o município escoltados por policiais
A ação criminosa ocorreu após ataques a prédios do ICMBio e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
que também foram queimados na sexta-feira (27). O caso ocorreu após a
operação "Ouro Fino" -
realizada pelo Ibama e ICMBio - apreender balsas
que atuavam na extração ilegal de ouro no Rio Madeira, em uma área de
proteção ambiental.
A informação sobre o novo ataque foi confirmada pelo Ibama na tarde
deste sábado. Segundo o Instituto, o barco estava ancorado na margem do
Rio Madeira, quando um grupo de pessoas ateou fogo na embarcação e fugiu
em seguida.
Os autores do incêndio ainda não foram identificados. O Ibama informou
ainda que ninguém ficou ferido e que os danos são apenas materiais. Por
conta das chamas, houve perda total da embarcação.
Por questão de segurança, 25 agentes do Ibama que trabalhavam na cidade
foram levados para a cidade de Porto Velho, em Rondônia, escoltados
pela Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança.
Reforço na segurança
A segurança em Humaitá, no Sul do Amazonas, foi reforçada
por soldados do Exército e Policiais Federais. O reforço de agentes da
Força Nacional de Segurança chegou ainda na sexta-feira (27), durante o
ataque a prédios públicos, que durou cerca de cinco horas.
Segundo o 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que atua no município, a situação foi controlada na cidade por volta de 23h de sexta.
Foram usadas bombas de efeito moral, gás e spray de pimenta. Durante a
ação, materiais foram arremessados contra a tropa, de acordo com a
polícia.
Ainda segundo o 4º BPM, a situação na cidade era tranquila até no início da tarde deste sábado.
Represália
O ataque dos garimpeiros teria sido uma represália a uma operação feita
por agentes do Ibama, ICMBio e Exército contra o garimpo ilegal no Rio
Madeira, numa área de proteção ambiental.
Várias balsas usadas no garimpo foram incendiadas pelos órgãos ambientais. A informação foi confirmada pelo Ibama e segundo o superintendente do órgão no Amazonas, José Leland Barroso, a ação é legalizada pelo artigo 111 do decreto 6.514.
Conforme a lei, os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e
instrumentos utilizados na prática de infrações contra o meio ambiente
poderão ser destruídos ou inutilizados quando a medida for necessária
para evitar o seu uso em situações em que o transporte e a guarda forem
inviáveis em face das circunstâncias.
"O Ibama tentou remover as balsas para o porto de Humaitá e ficar sob a
guarda da Marinha, mas os garimpeiros não deixaram que as balsas fossem
rebocadas e não tinha outra maneira de fazer, senão usar o artigo 111
do decreto 6.514", explicou.
Revoltados com a destruição das balsas, os garimpeiros se reuniram para
protestar. Os manifestantes invadiram e incendiaram os prédios do Ibama
e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Eles também entraram no prédio do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), onde funciona o Instituto de Proteção Ambiental
do Amazonas (Ipaam), mas foram contidos. Sem acesso ao local, o grupo
ateou fogo em veículos que estavam estacionados na área.
Barroso informou que as fiscalizações na área devem continuar.
"Consideramos uma barbárie, um ato terrorista. Desafiaram o poder do
estado brasileiro e isso vai ter resposta, o Ibama não vai recuar,
compactuar com isso. O Ibama vai continuar com usas atividades. Podem
tocar fogo em todos os nossos escritórios, mas vamos continuar”, disse.
(Por G1 AM)
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