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Operações da polícia na Comunidade do Mosquito têm se tornado frequentes (Foto: Divulgação/PM)
Nove pessoas morreram assassinadas na Comunidade do Mosquito entre 1º
de janeiro e 30 de junho de 2018. O número é igual ao total de vítimas
registrado em todo o ano de 2017. Se comparado com o mesmo período do
ano passado, os primeiros seis meses, quando apenas uma morte foi
registrada, os casos representam um aumento de 800%. O levantamento é do
Observatório da Violência Letal Intencional (Obvio), órgão que
acompanha a situação da violência no estado.
Ainda segundo o instituto, oito das nove mortes ocorridas neste ano se
concentraram no mês de junho. De acordo com o Observatório, elas foram
resultado de confrontos entre facções criminosas que tentam dominar o
território do Mosquito e trocas de tiros entre essas facções e
policiais. Os tiroteios têm sido registrados na região a cada dia com
maior frequência.
A comunidade fica localizada às margens do Rio Potengi, vizinha à Ponte
de Igapó, e é um ponto estratégico para os traficantes que têm atuação
em Natal e demais cidades da Região Metropolitana.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da
Defesa Social (Sesed) para que se posicionasse sobre a situação, contudo
a assessoria de imprensa da pasta informou que não comentará o assunto.
Área estratégica para o tráfico
Coordenador do instituto, o especialista em segurança pública Ivênio
Hermes destaca que o fato de ser uma comunidade localizada às margens do
Rio Potengi coloca a área no centro das atenções das facções
criminosas.
“O Mosquito é de grande interesse para as facções criminosas por se
tratar de uma comunidade ribeirinha, ou seja, uma região ideal para o
escoamento de drogas, armas e ainda facilitar possíveis fugas”, analisou
Hermes, por telefone.
Ainda de acordo com ele, a falta de ações efetivas do Estado é
determinante para o cenário violento observado no Mosquito e em todo o
Rio Grande do Norte. Com baixo efetivo policial, o coordenador do Obvio
diz que não há nem como manter a presença dentro da comunidade, assim
como não há poder de investigação que possa chegar até os verdadeiros
líderes dos grupos criminosos que lutam pelo poder no estado potiguar.
“O governo joga a culpa para a guerra entre as facções, mas não age
para impedi-la. O Estado deixou de protagonizar as políticas de
segurança pública. Não vemos investigações que se cheguem realmente aos
'cabeças' dessas facções, as ações se limitam a prender os traficantes
menores”, criticou.
Moradores em fuga
No último fim de semana, mais uma troca de tiros foi registrada no
Mosquito. No final da tarde do sábado (30), o tiroteio chegou a
interromper o trânsito na Ponte de Igapó, que liga as regiões Oeste e
Norte de Natal, por cima do Rio Potengi. Na madrugada do domingo (1º) um
novo confronto voltou a ocorrer na região.
Durante e após o tiroteio, moradores da Comunidade do Mosquito foram vistos deixando a localidade com mudança.
Famílias inteiras saíram de lá, carregando colchões, ventiladores e
outros aparelhos. A polícia foi acionada e realizou incursões no local.
Foram apreendidas munições de espingarda e também de fuzil. Ninguém foi
preso.
Por causa da troca de tiros, os motoristas que passavam pela Avenida
Felizardo Moura e pela ponte chegaram a voltar pela contramão, para não
serem atingidos pelos tiros. Pessoas que estavam dentro de ônibus
precisaram se abaixar.
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Pessoas que estavam
dentro dos ônibus ficaram abaixadas para não serem atingidas pelos tiros
na Comunidade do Mosquito (Foto: Redes Sociais/WhatsApp)
(Por Felipe Galdino, Inter TV Cabugi)
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