RÉVEILLON
O ex-presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert
Muitos já sabem o que é um Réveillon na cadeia da Lava Jato. É o caso do ex-governador do Rio Sérgio Cabral e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Outros vão viver essa experiência pela primeira vez esta noite, que o diga Lula,
ex-presidente condenado a 12 anos e um mês de reclusão no processo do
triplex do Guarujá, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, delitos
que ele nega com veemência. Em uma ‘sala especial’ da Polícia Federal de Curitiba, o petista cumpre sua pena desde 7 de abril.
Em um País marcado por tanta impunidade, não é todo dia que
condenados de colarinho branco, ou por crimes contra a administração
pública, fiquem por muito tempo na prisão. A Lava Jato quebrou essa
tradição e mantém na tranca dura nomes como João Vaccari Neto e Renato Duque. Esta noite eles vão completar a quarta virada de ano no cárcere.
Sérgio Cabral. Foto: Geraldo Bubniak / Agência O Globo
Da turma que já viu a passagem do ano pelas grades fazem parte nomes
conhecidos da Lava Jato, entre eles o próprio Vaccari, o ex-presidente
da Petrobrás, Aldemir Bendine, o empreiteiro Léo Pinheiro, o lobista do MDB João Henriques.
Ainda, o ex-gerente da estatal petrolífera Jorge Zelada, o ex-senador Gim Argello. E tem o Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás.
Eduardo Cunha. Foto: Fabio Motta/Estadão
Vaccari foi preso no dia 15 de abril de 2015. Ele é um dos mais longevos prisioneiros da Lava Jato.
Será seu quarto Réveillon aprisionado. Já pegou uma primeira pena de 10
anos, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, imposta pelo então
juiz Sérgio Moro – pena ampliada para 24 anos de reclusão pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), o Tribunal da Lava Jato.
A ação na qual Vaccari viu sua pena ser aumentada trata de supostas
propinas pagas pelo Grupo Keppel em contratos celebrados com a Sete
Brasil Participações para o fornecimento de sondas para utilização pela
Petrobrás na exploração do petróleo na camada do pré-sal. Parte dos
pagamentos de propinas teria ocorrido por transferências em contas
secretas no exterior e outra parte iria para o PT.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Vaccari foi absolvido em duas ações, mas ainda está condenado em outras decorrentes da Lava Jato.
Seu colega de partido, o também ex-financeiro do PT, Delúbio Soares, pegou seis anos de condenação por lavagem de dinheiro. Esta será sua primeira noite de passagem de ano na cadeia da Lava Jato.
Bendine, que comandou a Petrobrás, está recolhido desde julho de 2017. Ele foi alvo da Operação Cobra, fase 42 da Lava Jato.
Pegou onze anos de cadeia por supostamente ter recebido propina de R$ 3
milhões da empreiteira Odebrecht. Quando condenou e manteve Bendine
preso, o juiz Moro alertou para sua ‘ousadia criminosa’.
Delúbio Soares. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADAO
Cabral,
preso desde novembro de 2016, já acumula 198 anos e seis meses de
condenações em quase dez ações penais decorrentes da Lava Jato.
Ele está preso no Rio, enquanto a maioria dos outros apenados está em
São José dos Pinhais, nos arredores de Curitiba, base e origem da grande
operação.
Na cadeia de Pinhais vai passar seu terceiro Réveillon o
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Por ordem de Moro, o emedebista
está recolhido desde outubro de 2016. O
ex-juiz o condenou em uma ação penal a 15 anos e quatro meses de
reclusão, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão
fraudulenta de divisas.
Aldemir Bendine. Foto: Nacho Doce/Reuters
Não é tudo. A Justiça do Distrito Federal também já condenou o
ex-presidente da Câmara, em uma ação por supostas fraudes no FI-FGTS, a
24 anos de prisão.
Gim Argello, ex-senador (PTB/DF), também vai passar sua terceira
virada de ano na prisão. Ele foi capturado em 2016, na Operação Vitória
de Pirro, mais uma etapa da Lava Jato.
Ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro. FOTO: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Inicialmente, Moro
condenou Argello a 19 anos de prisão, por corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa
– segundo a Lava Jato, em 2014, Argello integrava duas CPIs da
Petrobrás e teria cobrado R$ 5 milhões de cada empreiteira do cartel que
operou na estatal petrolífera para barrar a convocação de seus
executivos.
Preso desde 2015, Renato Duque, em apenas uma ação, pegou 28 anos de
cadeia, por decisão do TRF-4. Este será seu quarto Réveillon na prisão
da Lava Jato.
E será o primeiro de Lula.
(Paulo Roberto Netto/Estadão Conteúdo)
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