Agentes e escrivães estavam parados desde a quarta-feira (26) — Foto: Sinpol-RN
Os policiais civis e servidores da segurança do Rio Grande do Norte decidiram acatar a ordem judicial
e suspender a paralisação, denominada Operação Zero e iniciada na
quarta-feira (26). Após assembleia geral, no final da tarde desta
sexta-feira (28), ficou definido que as delegacias de plantão serão
reabertas para funcionamento normal.
O sindicato se reuniu nesta sexta-feira (28) com representantes do
governo e conseguiu uma proposta que agradou a categoria. No entanto, os
servidores já marcaram uma nova assembleia geral para a próxima
quarta-feira, dia 2 de janeiro, quando vão decidir sobre os rumos de uma
nova mobilização.
Eles dizem que esperam que todos os aposentados e pensionistas recebam a
integralidade do 13° de 2017, bem como cobram a definição sobre o 13°
de 2018 e o salário de dezembro. Foi o que ficou combinado com o
Executivo.
“O governo efetuou o depósito do 13° de 2017 de todos os servidores
ativos e uma parcela de R$ 5 mil para os aposentados e pensionistas.
Alguns aposentados, inclusive, já estão recebendo o valor integral. O
justo é que os inativos e pensionistas tenham o mesmo tratamento. Porém,
a categoria deliberou por retomar as atividades nas plantões por
entender que parte do pleito foi atendida e, na quarta-feira, a partir
das 9h, definiremos os próximos passos”, explica Nilton Arruda,
presidente do SINPOL-RN.
O atendimento nas plantões acontecerá até o dia 1° de janeiro, como já
seria na escala normal por se tratar de final de semana, seguido de
feriado. Na quarta (2), a partir das 9h, os policiais civis e servidores
da segurança terão assembleia na sede do sindicato que representa a
categoria.
“A luta será pelo 13° de 2018 e pelo salário de dezembro. Suspendemos a
Operação Zero, mas vamos continuar mobilizados”, afirma Nilton Arruda,
presidente do Sinpol.
A greve
A greve da Polícia Civil começou na manhã da quarta-feira (26), com a
chamada 'Operação Zero'. Em protesto contra o atraso no pagamento do 13º
salário de 2017, e sem perspectiva de receber o salário de dezembro e o
13º deste ano, agentes e escrivães cruzaram os braços. Mais de 95% das
160 delegacias do estado fecharam, segundo o Sindicato dos Policiais
Civis do RN (Sinpol-RN). Com isso, os policiais passaram a atender
apenas os casos de flagrante. Na tarde da quinta (27), os delegados também aderiram ao movimento.
Reivindicação
Delegados, agentes e escrivães cobram o 13º salário de 2017 de quem
ganha acima de R$ 5 mil e uma definição sobre o salário de dezembro e o
13º deste ano, que ainda estão sem previsão de pagamento. Quem ganha
acima de R$ 5 mil também não recebeu o salário de novembro.
Saúde
Ainda nesta quinta, os médicos que atuam na rede estadual de saúde também entraram em greve. Segundo o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), a pauta é a mesma: salários atrasados.
O que diz o governo
Nesta sexta (28), o governo confirmou que vai pagar o 13º de 2017 de
ativos, inativos e pensionistas da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
Para as demais categorias, ainda de acordo com o governo, devem receber o benefício atrasado apenas os ativos.
"Eu não tenho como multiplicar o dinheiro. Nenhum governador não paga
porque não quer. Não paga, porque não pode", disse o governador Robinson
Faria. Contudo, em reunião nesta sexta (29), o Executivo assinalou que
pagaria o 13º salário de 2017 para todos os piliciais civis, aposentados
e ativos.
A Justiça
Segundo o desembargador Saraiva Sobrinho, a manutenção da greve coloca
em risco a sociedade em razão da “ofensa à ordem pública”, causada pela
carência de prestação de um serviço de "relevância ímpar à manutenção e
tutela da paz social". Em caso de não retorno imediato aos trabalhos,
Saraiva inda estipulou multa diária no valor de R$ 15 mil.
"Defiro a liminar para determinar a imediata suspensão do movimento
paredista, de forma a se restabelecer a regular, plena e efetiva
continuidade dos serviços relacionados à segurança pública, em todas as
unidades do Estado", decidiu o desembargador plantonista.
Investigações paradas e BOs suspensos
Com a adesão dos delegados à paralisação iniciada pelos agentes e
escrivães, a Polícia Civil do Rio Grande do Norte só está atendendo
casos de flagrante. Significa, segundo a presidente da Associação dos
Delegados da Polícia Civil do RN, que todos os trabalhos de
investigações estão parados e os registros de boletins de ocorrência
suspensos até que o governo pague o que deve à categoria.
Até mesmo o registro de boletins de ocorrência pela internet, para
casos de perda ou furto de documentos, também foi suspenso
temporariamente, pois precisa de um policial para fazer a homologação do
registro.
Nos casos de flagrante, a Polícia Civil está fazendo o registro das
ocorrências no Comando da Polícia Militar, no bairro Tirol, na Zona
Leste de Natal, e nas delegacias regionais de Caicó, na região Seridó, e
Mossoró, no Oeste do estado.
Agentes penitenciários
Na manhã desta sexta-feira (28), os agentes penitenciários decidiram
que não vão mais receber presos em flagrante que não tenham passado pela
audiência de custódia. De acordo com o Sindicato dos Agentes
Penitenciários (Sindasp-RN), normalmente o detido vai à presença do juiz
depois que tem prisão homologada pela autoridade policial, no caso o
delegado. Porém, presos estariam sedo levados pela PM direto para as
unidades prisionais depois que a Polícia Civil começou a paralisação.
Ainda de acordo com o Sidasp, os agentes penitenciários decidiram que
neste sábado (29) irão para a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc),
no Centro Administrativo, para aguardar que o governo providencie algum
transporte para que eles possam ir trabalhar. Os agentes alegam que não
têm mais dinheiro para pagar passagem até as unidades prisionais.
(Por G1 RN)
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