
Atual presidente da Bolívia, Evo Morales - Enzo De Luca/Presidência boliviana/via Reuters/Direitos reservados
La Paz - Evo Morales lidera as eleições presidenciais
deste domingo na Bolívia com 45,38% dos votos, seguido pelo
ex-presidente Carlos Mesa, com 38,16%, o que indica a realização de um
segundo turno, algo inédito na história do país.
Com quase 84% dos votos apurados, a presidente do
Supremo Tribunal Eleitoral, María Eugenia Choque, apresentou o primeiro
informe da instituição perto das 20h (horário local).
Em terceiro lugar, em resultado surpreendente,
aparece o pastor evangélico, nascido na Coreia do Sul, Chi Hyun Chung,
com 8,77% dos votos. Ele é conhecido como o "Bolsonaro boliviano". A
quarta posição ficou com o senador da oposição Óscar Ortiz (4,41%).
Mesa comemorou na noite deste domingo sua chegada ao segundo turno.
"Realizamos um triunfo inquestionável que nos permite
dizer com absoluta certeza e segurança, tanto pela informação da mídia
quanto pelo nosso próprio cálculo interno: estamos no segundo turno!",
declarou Mesa, em meio a aplausos, saudações e abraços de seus
apoiadores na sede de seu partido.
Mais cedo, o vice-presidente do STE, Antonio Costas, comemorou que o dia de votação tenha transcorrido "com tranquilidade".
Uma força combinada de mais de 40 mil policiais e militares patrulhou a cidade de La Paz, sem relatos de episódios de violência.
O chefe da missão de observadores da União
Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore), o costa-riquenho Hugo
Picado, afirmou que o processo eleitoral na Bolívia avança em ordem.
As pesquisas apontam um leve favoritismo de Morales sobre seu principal rival, o ex-presidente Carlos Mesa.
Morales apresentou suas conquistas sociais e
econômicas durante a campanha, mas também foi afetado por escândalos de
corrupção e acusações de uma guinada autoritária. Ao contrário das três
últimas eleições, a partir de 2006, desta vez ele não tem uma vitória
tranquila garantida no primeiro turno.
Depois de votar em Chapare (departamento de
Cochabamba), o presidente expressou confiança e otimismo. "Acabo de
votar, como me corresponde, e aproveito esta oportunidade para convocar o
povo boliviano a participar nesta festa democrática", disse.
Uma pesquisa divulgada por uma universidade estatal
aponta 32,3% das intenções de voto para Morales e 27% para Mesa, cenário
que aponta um segundo turno, algo que seria inédito para o presidente
há mais tempo no poder na América Latina.
Mesa é o único dos demais oito candidatos que pode
derrotar o presidente. E parte da oposição defende que os eleitores
optem por um "voto de castigo" contra Morales, que por seu lado confia
em um "voto seguro" de sua base.
Do partido de centro Comunidade Cidadã (CC), Mesa se
reuniu no sábado com observadores da Organização dos Estados Americanos
(OEA) para expressar suas dúvidas sobre a transparência da votação,
acusando o Tribunal Eleitoral de parcialidade.
Em respostas por escrito enviadas à AFP na
sexta-feira, Mesa denunciou que a Bolívia tem "um partido que controla
todos os órgãos do Estado, inclusive o eleitoral" e que "não tem entre
seus princípios o respeito pelas regras da democracia".
Além disso, afirmou, "temos um Tribunal Eleitoral que
demonstrou um claro viés em relação à candidatura do MAS (partido do
governo). Portanto, é muito provável que sejam feitas tentativas de
afetar o resultado da votação, especialmente nas áreas rurais e em
algumas cidades do exterior".
Neste domingo, ao votar, Mesa reiterou seus temores.
"Não confio na transparência do processo, o Tribunal
Supremo Eleitoral demonstrou que é um braço operacional do governo,
nossa desconfiança é muito alta", afirmou à imprensa depois depositar
seu voto em um bairro da zona sul de La Paz.
A cientista política María Teresa Zegadam afirmou que
"o poder substituiu as políticas em benefício de toda a população por
outras que satisfazem apenas alguns setores" e denunciou a "perseguição
aos líderes da oposição".
"Tudo isto gera um mal-estar cidadão e o sentimento de que a democracia está em perigo", declarou à AFP.
A presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), María Eugenia Choque, ressaltou as garantias de transparência do processo.
"A população pode ficar tranquila, porque foram adotadas as medidas necessárias para resguardar o voto", afirmou Choque.
(Por
AFP)
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