COLABORE
Combater os crimes contra crianças e adolescentes sempre é um dos
principais focos nos discursos dos responsáveis pela segurança pública.
Na semana passada, a delegada Rossana Pinheiro assumiu a titularidade da
Delegacia da Criança e do Adolescente de Natal (DCA). Mesmo com pouco
tempo na pasta, ela já identificou qual o principal problema que terá
que superar para conseguir combater a violência contra os menores.
“O nosso maior desafio será transformar os casos em denúncias
efetivas. Nós temos muitas situações de subnotificações. Na grande
maioria dos casos as vítimas são crianças, que são vulneráveis e muitas
vezes não conseguem procurar a polícia sozinhas. Fica muito claro nos
discursos das pessoas que vêm aqui que elas sabem de outros casos.
Porém, quando nós vamos procurar, não achamos nenhum boletim de
ocorrência sobre aquela situação. Isso é o que precisa mudar”, frisou.
Segundo Rossana, um dos motivos para que a população não faça
denúncias é que os crimes, na maioria das vezes, acontecem dentro de
casa. “Prioritariamente a violência é doméstica, mas acontece contra
vulneráveis. Dentro de casa as pessoas de fora não vêm o que está
acontecendo e isso atrapalha bastante na nossa investigação, já a
própria família tem receio de fazer alguma denúncia”.
Atualmente, aproximadamente 80 inquéritos estão instaurados na DCA.
Todos por violência sexual e registrados em 2014. “Quando a questão é de
agressão, é feito um Termo Circunstancial de Ocorrência e o caso é
resolvido mais rapidamente. Já quando é violência sexual, o inquérito é
instaurado. Na maioria das vezes quem faz esse abuso é um pai, primo,
irmão ou padrasto. Muitas vezes a mãe sabe e não faz nada, pois ela
também é ameaçada ou concorda. Mas ao não fazer nada, a mãe se torna
coautora do crime. Se não houver testemunhas para denunciar, a situação
fica complicada para todo mundo”, explicou a delegada.
Em relação ao que encontrou em termos de estrutura da DCA, Rossana
disse que irá conversar com o Governo para tentar melhorar o local,
principalmente no efetivo. “Em comparação com outras delegacias, a DCA
está até em uma boa condição. Porém, atualmente temos apenas 10 pessoas
no efetivo. O ideal é que esse efetivo seja, pelo menos, dobrado. Vinte
pessoas trabalhando na delegacia seria um número ideal para fazer o
trabalho que eu estou almejando aqui na DCA”.
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