JUSTIÇA
Dois magistrados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte
(TJRN) alegaram suspeição para assumir processo que analisa o
envolvimento do juiz José Dantas Lira na concessão de liminares
fraudulentas. Em apenas 24 horas, o corregedor do TJ, Carlos Santos, que
presidia o inquérito saiu de férias, e os magistrados Herval Sampaio e
Expedito Ferreira declinaram da presidência. Até o início da noite de
ontem, nenhum juiz havia sido designado para o caso.
Marcos Costa
Herval Sampaio Júnior recorreu a questões de foro íntimo
Na
última terça-feira, o Ministério Público acusou o juiz da 2ª Vara Cível
de Ceará Mirim, José Dantas Lira, de comandar um suposto esquema de
fraude de liminares. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no
município, em Natal e Parnamirim. De acordo com o ente, o esquema
objetivava facilitar a obtenção de empréstimos consignados para
servidores em dificuldades financeiras.
O filho do magistrado,
José Dantas de Lira Junior; o advogado Ivan Holanda; o corretor de
empréstimos, Paulo Aires Pessoa, e um servidor do Judiciário,
identificado apenas como Clístenes, também faziam parte do esquema. O
MPRN solicitou o afastamento imediato do juiz.
Segundo a
assessoria de imprensa do tribunal, o juiz Cleudson Vale, da 2ª Vara
Cível de Ceará-Mirim, assumirá a vacância. Concomitantemente, a
Presidência do TJRN encaminhou ofício à corregedoria comunicando o
afastamento do juiz e de um servidor da vara. A nomeação de um
substituto para o servidor ficará a cargo do juiz que assumir a função.
As nomeações ainda não haviam sido publicadas no Diário da Justiça do
RN.
Já a designação de um magistrado para assumir a presidência
do processo criminal ainda não tem data para acontecer. Os dois
escolhidos, juízes Herval Sampaio e Expedito Ferreira não aceitaram
alegando suspeição – quando o juiz acredita que algum motivo, pessoal ou
não, poderá atrapalhar sua isenção no julgamento.
O juiz José
Herval Sampaio Júnior alegou questões de foro íntimo, mas preferiu não
detalhar. “Por motivos de foro íntimo decidi declinar o processo. Espero
que a parte interessada (TJ) designe logo um novo relator”, declarou.
De
acordo com a assessoria de imprensa do tribunal, a escolha de um novo
magistrado será feita por sorteio. Enquanto isso não acontece, também
não há previsão para que o MPRN dê prosseguimento ao processo.
Por
meio de assessoria de imprensa, o Ministério Público informou que
pretende apresentar a documentação apreendida na próxima semana – sem
data definida – para análise de todas as partes envolvidas, na sede do
TJRN. O processo corre em segredo de justiça, portanto a audiência será
restrita aos envolvidos. Desde a última terça-feira, corre o prazo de 30
dias para que a entidade conclua o inquérito e apresente denúncia à
Justiça.
Enquanto o processo correr em sigilo, a Corregedoria do
Tribunal de Justiça não poderá iniciar, de imediato, a abertura de um
processo administrativo contra o juiz José Dantas Lira. Ele é acusado de
fraudar liminares em investigação do MPRN. De acordo com o juiz
auxiliar da Corregedoria Diego Cabral, a entidade recebeu apenas um
comunicado oficial da Presidência solicitando o afastamento.
“A
comunicação apenas solicitou o afastamento, mas não falou o teor da ação
ou nos passou a cópia do documento. Nós agora vamos solicitar os
documentos que embasaram a decisão jurídica, para então abrirmos o
processo administrativo”, explica.
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