CONTROLE
Aos poucos a realidade do maior hospital de trauma do Rio Grande do
Norte (RN) começa a tomar um novo rumo. A área mais crítica de pacientes
internados começou a ter seu espaço regularizado na última sexta-feira
(25) através de transferências para cirurgias ortopédicas, altas e a
abertura de 40 vagas de leitos de retaguarda no Hospital João Machado. O
processo que culminou com o completo esvaziamento do corredor da
clínica médica teve seu ápice da última sexta-feira (25) até domingo
passado, período em que permaneceu totalmente livre de macas. Porém,
devido a mais um final de semana com número elevado de acidentes de
trânsito, na manhã desta segunda-feira (28), seis macas voltaram a
ocupar o corredor da clínica médica do Hospital Monsenhor Walfredo
Gurgel (HMWG).
Assim como o corredor do trauma (que há quase um ano permanece sob
controle – alternando seu esvaziamento com a permanência temporária de
até cinco macas, por um período menor que 48h) um conjunto de ações
articuladas pela Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap), através
do corpo diretivo do HMWG, Núcleo de Acesso à Qualidade Hospitalar
(NAQH) e Núcleo Interno de Regulação (NIR), resultou na saída das macas
da área conhecida como corredor da clínica médica.
A diretora geral do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), Maria
de Fátima Pereira Pinheiro, diz que estas ações se dividiram em três
frentes principais: a busca ativa do Serviço de Atendimento Domiciliar
(SAD) junto ao NIR e ao NAQH, a aplicação da ferramenta eletrônica
Kanban e a abertura dos leitos de retaguarda no Hospital da Polícia
Militar e do Hospital João Machado.
Através de uma equipe multidisciplinar, o SAD, o NIR e o NAQH,
identificam pacientes em condições de receber alta, agilizam
transferências para outras unidades de saúde e participam do constante
trabalho de desospitalização responsável. O objetivo é, através da busca
ativa, identificar internos com quadro de alta médica. Assim, é
possível uma maior circulação dos leitos de enfermarias, gerando vagas e
diminuindo o número de macas nos corredores. Já a ferramenta eletrônica
kanban vem possibilitando o monitoramento 24h do volume de entrada e
saída dos pacientes internos. O software tem garantido ainda conhecer os
bairros e cidades de origem dos pacientes que dão entrada no (PSCS),
além de identificar a demanda diária de cada especialidade. Por fim, a
abertura de 40 leitos de clínica médica de retaguarda no Hospital João
Machado e mais 16 no Hospital da Polícia Militar tem garantido uma maior
rotatividade dos leitos no Walfredo Gurgel.
Apesar da rotina de trabalho estar alcançando os resultados (há
tempos) esperados, Fátima é cautelosa e chama a atenção para o fato de
que as áreas de circulação nunca foram próprias para a permanência de
pacientes em macas. “Corredor é área de livre circulação e não de
internação. É preciso que todos os entes entendam suas
responsabilidades. Os municípios necessitam fortalecer os serviços da
atenção básica e de pronto atendimento de suas cidades evitando a
transferência sem controle de pacientes para os hospitais da capital. Os
gestores municipais precisam entender esse fluxo de atendimento a fim
de compreender que corredor não é vaga”.
A preocupação da diretora é justificada. Fátima relata que neste fim
de semana recebeu uma ligação um tanto equivocada de um município do RN e
que a deixou bastante chocada. “Recebi uma ligação esse fim de semana
de um hospital afirmando que ia mandar um paciente para o Walfredo
Gurgel somente porque nós tínhamos vagas, pois estávamos com os
corredores vazios. Isso é um completo absurdo. Cada município deve criar
mecanismos de melhorar a assistência aos seus pacientes e não, apenas,
transferi-los para o Walfredo Gurgel”, questionou.
Outros profissionais do hospital, que lidam diretamente com a
assistência aos pacientes no (PSCS), apesar do momento delicado, já
começam a ver as mudanças com entusiasmo. A enfermeira da classificação
de risco, Rita Lídia de Medeiros, conta que ainda na sexta-feira começou
a receber através de uma rede social, as fotos do corredor vazio e,
surpresa, ficou ansiosa para ver a área de perto. “Está muito bom.
Quando deixei o hospital na última quinta havia mais de 20 pacientes no
corredor (da clínica médica). Da forma que estar melhora a qualidade da
assistência, o fluxo de pacientes e diminui a sobrecarga de trabalho
para os funcionários”, afirmou.
O técnico de enfermagem, Ronilton França dos Santos, também recebeu
com entusiasmo a clara redução do número de macas no corredor da clínica
médica. Ao terminar seu plantão na sexta-feira passada, o Setor de
observação II estava com 16 pacientes sob sua assistência. Hoje, ao
chegar para começar seu plantão, ele possui apenas um paciente sob seus
cuidados.
A diretora afirma que “o trabalho de desospitalização responsável até
hoje é diário e muito importante para todo o hospital. Visitamos
enfermarias, Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), Centro de
Recuperação Pós-operatório, entre outros serviços e levantamos o número
de transferência e altas. Isso nos permite uma melhor circulação dos
leitos”.
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