SUPERAÇÃO
Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com
Após fumar uma carteira de cigarros por dia nos últimos 32 anos, a
enfermeira Sílvia Paiva comemora hoje 90 dias longe do vício, que foi
seu companheiro em diversos momentos tristes de sua vida. Assim como
ela, a auxiliar de saúde Maria de Fátima do Nascimento, que fumou por 40
anos, também luta contra o tabagismo e está 12 dias sem um único
cigarro, o que é celebrado como um renascimento por ambas. Servidoras do
Hospital Walfredo Gurgel, as duas participam do Grupo Terapêutico para
Abandono do Tabagismo, realizado pelo Núcleo de Assistência à Saúde do
Trabalhador (Nast).
O grupo, coordenado pela psicóloga Leila Rodrigues, está em sua
segunda turma e oferece orientação para os interessados em abandonar o
cigarro, como Sílvia e Maria de Fátima, que relataram as dificuldades
enfrentadas em busca de uma vida mais saudável e as alegrias por
conseguirem vencer o tabagismo, que passou a ser parte da vida delas
ainda na adolescência.
“Tem uma coisa muito boa acontecendo na minha vida, a realização de
um propósito. É muito complicado, principalmente passar pela fase de
abstinência, que é forte para quem fuma há tantos anos, mas aos poucos e
com muita dedicação, estou conseguindo e hoje já são 90 dias sem um
único cigarro. Chorei de saudades dele, que foi meu companheiro em
tantos momentos tristes, mas hoje consigo enfrentar meus dilemas sem
ele. Estou reavaliando muita coisa na minha vida”, desabafou Sílvia.
Usando o adesivo de nicotina, ela disse que além das alterações
emocionais que vem passando, ela está percebendo também benefícios
físicos, como a melhora do aspecto de sua pele, o brilho dos olhos e o
cheiro dos componentes do cigarro, que antes eram impregnados em seu
corpo, cabelo e objetos pessoais. “Tudo está mudando para melhor e a
minha família está muito feliz, principalmente minha mãe, que fez até
promessa para eu largar o cigarro, em maio do ano passado. Felizmente,
em maio deste ano, deixei de fumar”, afirmou.
Para Maria de Fátima, que também fumava uma carteira de cigarros ao
dia, as dificuldades diárias vividas por causa da abstinência são
grandes, mas a força de vontade e dedicação na luta para se livrar do
vício que a acompanhou por 40 anos são muito maiores. Ela disse que
fumava principalmente quando passava por momentos estressantes em casa
ou no trabalho e também nos momentos de distração, como na hora do
cafezinho.
“Acendi meu primeiro cigarro aos 16 anos, mas hoje, estou muito mais
feliz em ter deixado aquele que me acompanhou por tantas décadas. Hoje,
sinto muitas melhoras na minha vida, apesar dos problemas decorrentes da
abstinência, como a secura na boca e alguns momentos de irritação, que
consigo controlar. Mas também durmo muito melhor hoje. Antes, eu tinha
insônia, mas depois de parar de fumar, já consigo dormir
tranquilamente”, disse.
Grupo está na segunda turma
A segunda turma do Grupo Terapêutico, que realizou o terceiro
encontro nesta segunda-feira (28), conta com uma média de dez
participantes, todos servidores do Walfredo Gurgel. Durante o encontro
semanal, eles recebem orientações psicológicas, nutricionais, médicas e
informações relacionadas aos males causados à saúde pelo consumo do
cigarro. Eles também relatam o tempo que passaram fumando e as razões
que os levaram a querer abandonar o vício.
Segundo a coordenadora Leila Rodrigues, as mudanças são visíveis nas
vidas das pessoas que procuram o apoio do grupo, principalmente
emocionais, pois há várias questões relacionadas ao cigarro. Ela falou
ainda que a satisfação momentânea conferida pelo cigarro é falsa e que
os participantes conseguem perceber isso através das palestras e
orientações.
“Ele é um companheiro e deixá-lo implica em várias outras questões da
vida da pessoa. Cada pessoa tem seu momento de parar. Mesmo aquelas que
não conseguem deixar ao participar dos encontros, acabam diminuindo o
consumo do cigarro, o que é um avanço importante”, explicou.
A fisioterapeuta Tatiana Ribeiro, que também participa do grupo,
disse que 50% da turma anterior, em maio passado, conseguiu largar o
vício, como Sílvia. A outra metade diminuiu o consumo após os encontros e
acompanhamentos que são feitos. O programa foi criado com base na
política do Ministério da Saúde de incentivo à população para abandono.
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