INSPEÇÃO
Nadjara Martins
Repórter
O
transporte escolar no formato “pau de arara” ainda é uma realidade no
interior do Rio Grande do Norte. E, até mesmo quando as caminhonetas
cobertas de lona são substituídas por ônibus e vans, a situação é
crítica: pneus carecas, janelas trincadas, condutores sem habilitação.
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), 97% do
transporte escolar no estado está irregular.
Divulgação
Não parece, mas esse é um transporte escolar flagrado por vistoria com acompanhamento do MPRN
O
levantamento foi feito com base em vistorias realizadas pelo órgão
desde 29 de março. A ação foi iniciada a partir de um Termo de
Compromisso de Integração Operacional (TCIO) firmado com o Ministério
Público. A última vistoria estava marcada para acontecer no último
sábado (26), mas foi remarcada para o dia 2 de agosto. Durante o final
de semana o sistema do departamento de trânsito estava foram do ar.
Entre os pólos ainda carentes de vistoria estão Parnamirim e
Ceará-Mirim.
O foco das vitorias era apenas o transporte público, uma vez que o
privado é orientado pelas prefeituras, responsáveis pelas concessões.
Dos 1.792 veículos vistoriados no RN, apenas 50 estavam em plenas
condições para realizar o transporte escolar. Outros 130 não retornaram
ao Detran para finalizar a vistoria. No total, 1.616 permanecem
irregulares. Até agora. “Supomos que há mais (veículos irregulares).
Falta Ceará-Mirim e cidades próximas, assim como Parnamirim para
vistoriar”, aponta Manuel Ferreira, chefe de gabinete do Detran.
Falta
de acessibilidade, extintores vencidos, pneus carecas, ausência da
carteira de habilitação (CNH) tipo “D” e especialização para conduzir
transporte escolar são apenas algumas das deficiências encontradas.
Dependendo da situação do transporte, o Detran/RN concedeu até seis
meses para que os veículos se adequem às novas recomendações.
Para
completar a dificuldades em manter a fiscalização, os municípios não
são obrigados a informar ao departamento estadual de trânsito o número
atual da frota própria nem as terceirizações. Entretanto, seria
responsabilidade, de acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (Lei
9.503/97), dos municípios fornecerem semestralmente os veículos para
inspeção do órgão estadual – o que não estava acontecendo, segundo o
Detran.
“Após a notificação os municípios estão comparecendo, mas
há anos que eles não faziam a vistoria, apesar de estarmos disponíveis
em várias regiões do estado. No total são 22, e estão indo fiscais para o
interior fazer isso”, ressalta Manuel Ferreira.
Após as
vistorias, os laudos são encaminhados para o CAOP (Centro de Apoio
Operacional das Promotorias) Cidadania do Ministério Público. O MP
firmou o termo de cooperação em 26 de março, solicitando que o Detran
reforçasse as fiscalizações.
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