ELEIÇÕES 2014
Coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde,
Verônica Simone Dutra Veras, solteira, 49 anos, disputará pela segunda
vez o Governo do Estado (a primeira foi em 2010). Como prioridades, caso
eleita, cita a saúde, segurança e educação. Para a Polícia Militar, a
candidata defende um processo de desmilitarização, com um civil
assumindo o comando da instituição. Já para o funcionalismo, Simone
Dutra analisa que a melhoria dos serviços públicos virá apenas com o
fortalecimento do servidor.
Simone Dutra é do Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado (PSTU), enfermeira e natural de Campina Grande
(PB). Para o pleito deste ano, ela declarou R$ 60 mil como previsão de
gastos de campanha. Ela foi a sorteada, em encontro dos jornalistas com
as assessorias das campanhas, para abrir a série de entrevistas que a
TRIBUNA DO NORTE passa a publicar, a partir desta edição, com os cinco
candidatos ao governo do Rio Grande do Norte nas eleições deste ano. No
site da TN Online, a candidata responde perguntas na TV Tribuna. Amanhã
(28), ela estará no programa “Panorama Político”, que vai ao ar a partir
das 18h10 na Rádio Globo/Natal.
Ana Silva
Candidata fala das prioridades, garante implantar os planos de cargos pendentes e promete controle social das polícias
Como a senhora pretende implantar os planos de cargos, carreiras e salários que ainda estão pendentes?
É
essencial o fortalecimento dos servidores públicos. Ao fortalecermos os
servidores públicos estamos fortalecendo o serviço público e a
possibilidade de melhoria da assistência à população. Foi um desrespeito
desse Governo (Rosalba Ciarlini) não ter implementado os planos de
cargos e salários. Ao invés disso há uma priorização, um fortalecimento
de cargos comissionados. Achamos que os servidores são muito
capacitados, passam por um processo de formação contínuo e o salário
precisam refletir essa formação. Isso é prioridade para nosso governo.
Mas como implantar esses benefícios se o Estado está acima do limite prudencial de Lei de Responsabilidade Fiscal?
O
nosso partido não concorda com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós
achamos que essa lei existe para fragilizar os serviços públicos, para
priorizar terceirização e no nosso governo faremos uma campanha nacional
pelo fim dessa lei. Ela (a lei) impede que se aumente salário de
servidor, mas não impede o endividamento da máquina pública, que pode
ser até 200% da sua capacidade de endividamento em cima da sua receita,
não impede investimentos em obras desnecessárias. Por exemplo, o estádio
Arena das Dunas é uma obra completamente desnecessária. É dinheiro
público, mas não há uma preocupação, uma fiscalização, uma
responsabilidade em relação a isso.
Como a senhora pretende promover o reequilíbrio financeiro do Estado?
Há
vários problemas em relação as receitas do Estado. Primeiro, há uma
dívida pública que já foi paga dez vezes e ela só aumenta. Hoje, o
Governo do Estado gasta R$ 400 milhões todos os anos com a dívida
pública que não se encerra, só cresce. Então, suspenderemos o pagamento
da dívida pública. Vamos reduzir ou retirar a isenção fiscal de grandes
empresas. Hoje, são R$ 330 milhões por ano que se deixa de arrecadar. Os
recursos do Estado, aquilo que o contribuinte passa para o Estado, não
pode ser utilizado para fortalecimento do setor privado, principalmente
das grandes indústrias. Se houver investimento, tem que ser no pequeno
comerciante. Outra coisa é a cobrança da dívida ativa de grandes
empresas que não pagam. O que há é falta de prioridade para o Estado.
Quem governa o Estado são as elites.
Quais serão as prioridades da senhora para o governo?
A
população depende dos serviços públicos. A saúde, segurança e educação
são os principais problemas apontados pela população. Sobre a saúde
sabemos que 75% da população depende do SUS. Encontramos hospitais
sucateados, abandonados. Há necessidade de descentralizar essa
assistência. Para isso o Estado precisa investir mais. Hoje, o Estado
investe 12,9% na saúde. Em nível nacional, precisa mudar a questão do
financiamento. Existe uma concentração de verba no Governo Federal e
precisa descentralizar, precisa investir 10% do PIB na Saúde. Segurança
também é problema. Nossa juventude está sendo dizimada. Na medida em que
os problemas sociais, a falta de oportunidade aumentam, aumenta a
violência. É necessário ter ações da polícia e repressão. Defendemos a
desmilitarização da polícia militar, que precisa ter um comando civil.
Defendemos a formação de conselhos populares de segurança que teriam
controle sobre a polícia militar.
As mudanças propostas pela senhora para segurança, seriam exequíveis?
Em
termos da polícia estadual, a militar e civil são vinculadas ao Estado,
e seria possível com a mudança da lei. Agora em termos de unificação
mais ampla, que é a defesa do nosso partido, com a Polícia Federal, um
corpo de polícia nacional, isso precisaria de um convênio, uma mudança
na política nacional. É muito difícil fazer. Por mais que exista
independência, que você possa elaborar as políticas e desenvolver, a
conexão com a União é necessária e importante. Quando colocamos as
propostas, elas são um pontapé inicial e é exeqüível sim, aqui!
Como resolver a equação de melhorar o serviço público na saúde?
Isso
é mais um exemplo de que não é possível fazer política em um estado, em
um município. Precisa de conexão com o Governo Federal. Por exemplo,
hoje se formam médicos com recursos públicos e muitas vezes eles são
revertidos para o setor privado. É necessário fazer uma mudança na
questão da formação e responsabilização em relação ao serviço público.
Isso acontece na medida em que se tenha uma carreira atrativa. Hoje os
salários são baixos. Os profissionais, não só os médicos, precisam de
uma carreira e com salário digno. Precisamos de uma política nacional
combinada com Estado e município. Os 10% do PIB para saúde são muito
importantes. Precisa fortalecer o espaço público.
O Rio Grande do Norte tem quase 20% de analfabetos. Qual a proposta da senhora para redução desse índice?
A
gente defende que sejam investido 30% dos recursos do Estado para
educação. Defendemos creche para todas as crianças de zero a três anos
porque isso é um componente extremamente importante, inclusive para
permitir que as mães trabalhem, para garantir alimentação de qualidade,
para garantir o início de vida da educação da criança de forma correta,
instituições boas, com boa estrutura. Ao aplicar os 30% (da receita para
educação) haverá a recuperação das escolas, concurso público, que é
muito importante porque há uma precarização muito grande do trabalho do
professor.
Como a senhora avaliou a recomendação do
Ministério Público para acabar com a cessão de professores que estavam
cedidos para sindicatos?
Achamos isso um absurdo. Não é isso que
vai resolver o problema da educação, da falta de professores. Não há
professor em sala de aula porque o Governo há muitos anos não faz
concurso público, os salários são muito baixos, não há uma atratividade
da profissão. Na realidade, isso foi um ataque que o Governo fez ao
sindicato porque isso é direito conquistado pelos trabalhadores.
Qual a proposta da senhora para área do transporte público, onde o Governo fiscaliza com o DER as rodovias estaduais?
Nós
achamos que o Governo deve atuar porque hoje o Estado não atua na
questão do transporte em si, mas apenas na questão das rodovias. Fazemos
a defesa de que o transporte precisa ser encarado como saúde, educação.
Ele tem que ser gratuito, estatal. Defendemos a formação de uma empresa
estatal de transporte, que promova uma passagem mais barata e ao longo
do tempo possa ser tarifa zero. Defendemos a mudança da centralidade na
questão do ônibus e passar para que seja através de trens urbanos. Os
governos que passaram e o atual não fazem investimento maciço para mudar
a questão da mobilidade.
Mas, quem pagaria pelo transporte gratuito para todos?
O
aeroporto de São Gonçalo do Amarante custou R$ 572 milhões. Há um
estudo que mostra que esse valor poderia ter resolvido grande parte da
questão de mobilidade urbana, com melhoria do transporte público. Pelo
menos grande parte poderia ter sido investido. Da mesma forma que a
prioridade foi construir um outro aeroporto quando já se tinha um, com
os mesmos recursos custearíamos o transporte gratuito. Não faltam
recursos, a questão é a prioridade.
O PSTU normalmente esteve aliado do PSOL nas eleições. Por que essa aliança não ocorreu neste pleito?
Todas
as vezes que a frente de esquerda ocorreu no Estado do Rio Grande do
Norte demos uma batalha e quando ela ocorreu o PSOL ficou com a
majoritária, seja para prefeito, seja para governador. Dessa vez, com o
aumento da nossa participação, com o peso dos movimentos sociais,
consideramos que o PSTU aumentou seu peso político com a eleição de
Amanda Gurgel (vereadora em Natal), dirigimos várias lutas ano passado,
estivemos a frente do Fora Rosalba. Achamos que o PSTU tem um peso
político maior que o PSOL hoje. Nós discutimos que queríamos sim a
aliança, mas defendíamos que o PSTU estivesse a frente. Mas, não houve
acordo.
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