ELEIÇÕES 2014
Entrevista - Luciana Genro
Candidata a presidente da república pelo Psol
Anna Ruth Dantas
Jornalista
Candidata a Presidência da República pelo PSOL, a ex-deputada Luciana Genro traz no discurso críticas contundentes ao Governo da presidente Dilma Rousseff e chama atenção ao dizer que não vai governar para todos. “Irei governar para a maioria”, diz a presidenciável, elevando o tom das críticas a empresários e banqueiros.
Candidata a presidente da república pelo Psol
Anna Ruth Dantas
Jornalista
Candidata a Presidência da República pelo PSOL, a ex-deputada Luciana Genro traz no discurso críticas contundentes ao Governo da presidente Dilma Rousseff e chama atenção ao dizer que não vai governar para todos. “Irei governar para a maioria”, diz a presidenciável, elevando o tom das críticas a empresários e banqueiros.
Emanuel Amaral
Candidata
critica modelo econômico por privilegiar os mais ricos e favorecer
concentração de renda nas mãos da minoria privilegiada
Luciana Genro, que cumpriu agenda na última segunda-feira e ontem no Rio Grande do Norte, inclusive com visita a um acampamento do Movimento do Sem Terra, propõe o combate a inflação a partir do fortalecimento da agricultura familiar.
Luciana Genro concedeu a seguinte entrevista a TRIBUNA DO NORTE:
Por que escolher o Rio Grande do Norte para esse início de campanha eleitoral?
Escolhi o Rio Grande do Norte (para esse início da agenda da campanha eleitoral) porque aqui temos um partido que é extremamente inserido nos movimentos e nas lutas do nosso povo. Temos um candidato a governador, companheiro Robério Paulino, que é representativo de uma luta muito forte de universidades, uma luta muito forte em defesa do meio ambiente, das causas populares, temos aqui dois vereadores, sendo que um deles, Sandro Pimentel, é meu companheiro de luta há muitos anos e está comigo nessas batalhas políticas desde o início da minha trajetória política. Avaliei a agenda aqui (no Rio Grande do Norte) como muito positiva porque tivemos uma visita a um acampamento do MST onde tivemos oportunidade de reafirmar nosso compromisso de luta pela reforma agrária, com a necessidade de se aumentar a produção de alimentos e, portanto, fortalecer a agricultura familiar. Portanto, essa é uma das formas mais importantes de se combater a inflação.
Combater a inflação a partir da agricultura familiar?
Um dos debates que fazemos com o Governo atual é essa política de altas taxas de juros para combater a inflação. Entendemos que isso só prejudica a população porque a população está cada vez mais endividada e pagando altas taxas de juros aos bancos, que lucram como nunca lucraram na história desses país. Ano passado foram R$ 70 bilhões de lucro ao setor bancário. E nós temos a necessidade de combater a inflação usando outros mecanismos, como o fortalecimento da agricultura familiar, que propicia a produção maior de alimentos, que é o que vai para mesa das famílias nas cidades e, portanto, ajuda a segurar os preços quanto maior a oferta de alimentos for.
A projeção do FMI é de 1,3% para o crescimento econômico do Brasil. Qual a proposta da senhora para retomada da economia brasileira?
Esse problema do crescimento é muito grave porque o Brasil está submetido a política econômica mundial que nos relega a função de exportadores de produtos primários, de commodities, como, por exemplo, a soja. Por isso o governo não faz reforma agrária, porque ele (o governo) está refém do agronegócio, que é os grandes latifúndios que produzem esses produtos para exportação. Só que quando o mercado mundial se retrai, como estamos vendo agora, porque durante o Governo Lula tivemos um período de crescimento econômico mundial, que terminou em 2008 com a crise que estourou nos Estados Unidos e se agravou muito na Europa, onde o desemprego já chega a mais de 30%, temos a situação em que o Brasil está atrelado a essa exportação. O mercado mundial ao desaquecer nos joga numa crise de crescimento. Entendemos que é preciso mudar essa matriz econômica.
Precisamos desenvolver mais nossa indústria, nossa tecnologia, valorizar mais a exportação de produtos industrializados, manufaturados que possam, efetivamente, ter um maior valor agregado e, dessa maneira, propiciar um maior crescimento econômico. Hoje, graças à atual política econômica, os muitos ricos, os empreiteiros, continuaram acumulando uma quantidade de riqueza inimaginável. Temos 15 famílias no Brasil que acumulam uma riqueza equivalente a dez vezes tudo que o Brasil gasta com o Bolsa Família. Esses programas sociais acabam sendo migalhas que são distribuídos e não resolve o problema da desigualdade. Por isso que eu digo, não vou governar para todos.
Se a senhora afirma que não vai governar para todos, então vai governar para quem?
Vou governar para maioria. Porque quem diz que vai governar para todos mente porque acaba governando para as elites econômicas dominantes. Acaba governando para quem financia suas campanha eleitorais milionárias. Eles dizem que vão governar para todos para ganhar o voto do povo, mas na prática eles financiam para esses setores que financiam essas campanhas milionárias e que são os únicos que continuaram lucrando e acumulando riquezas no Brasil nos últimos anos. Aliás, desde sempre. Não vamos governar para todos, vamos contrariar interesse e por isso vamos mexer na desigualdade social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário