sexta-feira, 1 de abril de 2016

Frustração da receita no RN é de R$ 100 milhões no primeiro bimestre

DÉFICIT
 
O Rio Grande do Norte teve uma frustração de receita de R$ 89 milhões entre janeiro e fevereiro de 2016, segundo dados da Secretaria de Planejamento, publicados no Diário Oficial Estado (DOE). O déficit entre o valor esperado e o que de fato entrou nos cofres do poder público foi 7,6% e só não chegou a uma marca maior porque, de acordo com o governo, a arrecadação própria cresceu nesse período. Ontem (31) o governador Robinson Faria (PSD) decretou um contingenciamento de 76 milhões no Executivo e nos outros poderes para adequar os gastos às receitas reais. 
 
Segundo o secretário de Tributação do RN, André Horta, a frustração do primeiro bimestre na verdade foi ainda maior: de quase R$ 100 milhões. A diferença entre os valores divulgados, de acordo com ele, se deve ao fato de haver dois tipos de análise: o regime de competência e o de caixa. O primeiro diz respeito à contabilidade, que considera entrada de recursos a partir da documentação. O último é relacionado às finanças de fato e só considera a entrada quando o dinheiro entra no caixa. "Muitas empresas fazem o pagamento no último dia do mês, mas ele só entra no caixa do governo no mês seguinte", detalha.  
 
No contingenciamento previsto em decreto, publicado ontem no DOE, o Executivo terá que abater R$ 76,3 milhões das suas dotações orçamentárias no primeiro bimestre. O Poder Legislativo, por sua vez, tem que deduzir mais de R$ 3,1 milhões e o Judiciário R$ 6,36 milhões. O Ministério Público também terá que subtrair R$ 2,4 milhões. Já o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Defensoria Pública deverão remanejar R$ 597,8 mil e R$ 455 mil, respectivamente. 
 
As frustrações ocorrem principalmente por causa da queda do Fundo de Participação do Estado (FPE). Segundo o secretário de Tributação, em média, o repasse tem caído 14% ao mês. "Isso comparado com 2015, em que já foi registrada uma grande frustração", salienta.
 
Outra grande queda na arrecadação foi sentida também nos repasses referentes aos royalties recebidos pelo estado, pela exploração de petróleo, energias renováveis, entre outros. Somente essa fonte teve frustração de 44% no primeiro bimestre. Apesar da perda percentual  superior, o défict do FPE ainda representou um montante maior da frustração.
 
Em 2015, o governo esperava um aumento dos repasses federais, o que não aconteceu. Somente no mesmo período (primeiro bimestre) a frustração do repasse federal foi de R$ 150 milhões no estado. Mas nem o orçamento mais "realista" para 2016 foi capaz de prever mais quedas.
 
Ao todo, em 2015, o estado teve uma frustração total de R$ 613 milhões.
 
ARRECADAÇÃO
  
O primeiro bimestre geralmente conta com a arrecadação melhor, graças ao comércio aquecido no período de Natal e Ano Novo, que traz reflexos em janeiro; e do Refis, em fevereiro. Além disso, o Estado começou a registrar a entrada da diferença provocada pelo reajuste da tributação estadual (especialmente ICMS), que começou a valer em fevereiro. 
 
Embora parte desse aumento só tenha passado a surtir efeito em março, algumas setores como o de combustíveis teve diferença já no primeiro mês. A média foi de crescimento nominal de 6% no primeiro bimestre, sendo que em fevereiro esse valor foi de 10,24%  graças ao Refis e à atualização do sistema de cobrança pelo estado.
 
Por causa do desempenho houve contingenciamento no orçamento do Executivo, da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública
 
Poderes já limitam empenhos
 
Segundo o Tribunal de Justiça do RN, o governo enviou ofício com uma nota técnica da Seplan no último dia 16, quando apontou a frustração do bimestre. Na última quarta-feira (30), o TJ publicou resolução que limita despesas dos órgãos do poder legislativo no valor exato proposto pelo estado. 
 
Foram limitados R$ 1 milhão que seriam voltados para  obras e instalações, outros R$ 5 milhões para aquisição de equipamentos e material permanente e R$ 362.254,71 em “outros serviços e terceiros”. O Ministério Público também contigenciou um total de R$ 1.017.246,90, em resolução do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis.
  
A reportagem não conseguiu falar com a assessoria da Assembleia Legislativa do RN. 

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