EX-GOVERNADOR
O ex-governador do Rio Anthony
Garotinho (PR) protocolou um requerimento na Polícia Federal de Campos
dos Goytacazes (RJ) para reaver oito pendrives que, segundo ele, foram
apreendidos na última vez em que foi preso, no dia 13 de setembro.
De acordo com Garotinho, os dispositivos eletrônicos continham
diversas gravações e documentos com denúncias a autoridades, como o
ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-prefeito Eduardo Paes, entre
outros.
Garotinho afirma que a apreensão do material foi ilegal.
"Os pendrives foram arrecadados pelo policial federal responsável pela
escolta sem qualquer formalidade, não sendo fornecido qualquer recibo ou
lavrado auto de apreensão", diz o documento protocolado pelo advogado
do ex-governador.
Mais adiante, o defensor de Garotinho pede que
os pendrives sejam devolvidos. "Requer-se que seja informado por
certidão se foi formalizada a apreensão dos pendrives, bem como
aproveita para requerer a sua restituição, eis que não eram objeto da
ordem judicial".
O
documento também foi entregue ao Ministério Público Federal em Campos.
"Protocolamos no MPF de Campos a petição, com um pedido para que eles
acompanhem o processo, para saber o que está acontecendo", afirmou
Garotinho, em entrevista à reportagem.
No pedido, há uma lista com
13 pontos, que descrevem, sem muitos detalhes, parte das informações
(documentos, fotos e gravações) que estariam nos pendrives.
Entre
os pontos, dois citam Cabral, desafeto de Garotinho. "Notícia crime
apresentada à Procuradoria Geral da República contra o ex-governador
Sérgio Cabral; presidente da Alerj Jorge Picciani; o ex-prefeito Eduardo
Paes; o desembargador Luiz Zveiter e outras autoridades", segundo o
documento.
Em outro tópico, o advogado menciona uma suposta
gravação, contendo ameaças de Cabral a Garotinho, realizada dentro do
presídio de Benfica. "Eles se reúnem, conversam, batem papo sobre tudo.
(...) Aí o Cabral fala: 'o Garotinho, quando eu sair daqui, eu vou fazer
xixi na sepultura dele'", disse Garotinho. De acordo com ele, a
gravação foi repassada por um agente penitenciário. "Eu identifiquei
três vozes ali claramente [na conversa] Cabral, Sérgio Côrtes e
Braguinha", afirmou.
Há também uma referência a uma "fraude dos
precatórios", supostamente ligada a uma "operação Régis Fichtner
[ex-secretário de Cabral]". Um organograma também estaria nos pendrives,
envolvendo Paes. "Organograma com detalhamento do esquema de repasse de
valores no exterior pela empresa Prole para o ex-prefeito Eduardo
Paes", diz o requerimento.
O pedido também faz menção aos empresários Arthur César de Menezes Soares, o "Rei Arthur", e José Hawilla.
BANHEIRO
Os
oito pendrives teriam sido apreendidos por um dos policiais que cumpriu
o mandado de prisão contra Garotinho. Na viagem entre Rio e Campos, o
ex-governador conta ter parado para usar um banheiro de um posto de
gasolina e teria sido acompanhado pelo policial federal.
"Ele já
sabia que estava na minha pochete, ele aproveitou um local, dentro de um
banheiro, que não tinha ninguém, que ninguém podia ver, para fazer a
apreensão ilegal de um material. Por quê?", contou Garotinho.
Segundo
o ex-governador, ele teria levado a pochete para o banheiro para poder
tomar um calmante. Ao entrar, o policial teria insistido para que ele
não fechasse a porta.
"Eu entro no banheiro, vou encostar a porta,
aí ele diz: 'não, não fecha a porta'. (...) Acabei de urinar, peguei a
pochete, abri para pegar mais quatro comprimidos de Rivotril. (...) Ele
ficou olhando. Sabe aquele banheirinho que só tem um sanitário e uma
pia? Ele ficou ali, ficou olhando", disse Garotinho, acrescentando que,
em seguida, o policial pediu para ver a pochete e apreendeu os
pendrives.
Garotinho também reclamou de outras atitudes da Polícia Federal ao realizar a prisão.
"Estava
tudo estranho, não estavam em um carro caracterizado [da PF], não
quiseram esperar o meu advogado, não quiseram que o advogado me
acompanhasse [no carro da polícia] depois no primeiro encontro, não se
identificaram, não queriam dar nome", afirmou.
O ex-governador também disse
estranhar que a polícia não tenha levado o seu telefone celular, ainda
que, segundo ele, a apreensão do aparelho estivesse prevista no mandado.
Garotinho reclamou também que a polícia não respeitou o seu pedido de
esperar o final do seu programa de rádio. Ele foi interrompido e preso
durante a apresentação, na rádio Tupi.Procurada, a Polícia Federal não
foi encontrada para comentar.
(por Folhapress )
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