BRASIL, POLÍTICA
O juiz Sergio Moro recebe em São Paulo prêmio da Universidade Notre Dame (Gabriela Bilu/Estadão Conteúdo)
O juiz federal Sergio Moro disse nesta segunda-feira que os trabalhos da Operação Lava Jato
em Curitiba estão perto do fim e que considera difícil prever qual será
o seu futuro após atuar nos processos da investigação – o magistrado
garantiu, contudo, que não há possibilidade de ser candidato à
Presidência da República na eleição de 2018.
“A Operação Lava Jato em Curitiba está, possivelmente,
chegando ao fim”, afirmou Moro em São Paulo, após receber um prêmio da
Universidade Notre Dame, dos Estados Unidos, por sua atuação como à
frente da investigação. “Em Curitiba a investigação sempre foi sobre os
contratos da Petrobras que geraram valores e as pessoas que pagavam
[propinas]. Grande parte já foi processada. As que recebiam e não tinham
foro privilegiado, igualmente. Daí a minha afirmação de que acredito
que está indo para o final em Curitiba”, explicou o juiz, que ponderou
ainda haver “investigações relevantes em andamento”.
Em VEJA desta semana, a coluna Radar
revelou que o juiz confidenciou a um amigo que se cansou e que deseja
deixar a 13ª Vara Federal, em Curitiba, onde tramitam os processos da
Lava Jato, e migrar para outra. Moro reconheceu que está “um pouco
cansado” por causa do grande volume de trabalho, mas afirmou que não
prevê, neste momento, a possibilidade de deixar o posto.
Ele também se declarou um “juiz profissional” e afastou a
possibilidade de migrar da magistratura para a política. “Não existe
nenhuma expectativa”, disse ele, sobre a possibilidade de buscar um
cargo eletivo no ano que vem. “Pesquisas que incluem o meu nome estão
perdendo tempo, porque não vai acontecer. Isso é simples assim”,
garantiu.
Na pesquisa Datafolha divulgada no domingo, o magistrado
aparece em empate técnico com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em um cenário de segundo turno (44% a 42% para o petista, com margem de
erro de dois pontos percentuais).
Para Moro, os brasileiros têm a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF)
julgue os políticos com foro privilegiado investigados na Lava Jato da
mesma forma que no julgamento do Mensalão do PT, em 2012. Naquela
ocasião, a maioria dos políticos foi condenada pelos ministros da Corte.
O magistrado também elogiou a decisão do STF que acabou com a
possibilidade de doações empresariais a campanhas eleitorais e a que
permitiu a prisão de réus condenados em segunda instância. “O Supremo
deve ter a percepção da relevância da manutenção desse precedente para o
enfrentamento dessa corrupção sistêmica”, disse Moro.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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