Dois anos após ser alvo da delação do ex-senador Delcídio Amaral, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas concedeu, pela primeira vez, uma entrevista a jornalista Bela Megale do O Globo. Com base na delação de Delcídio — ele disse que o ministro teria sido indicado por Dilma Rousseff com o compromisso de dar habeas corpus e recursos favoráveis a empreiteiros como Marcelo Odebrecht —, Ribeiro Dantas foi investigado por suspeita de obstrução de Justiça.
A PF, no entanto, não encontrou provas, e o inquérito foi arquivado no ano passado pelo ministro Edson Fachin, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República. Mesmo assim, Ribeiro Dantas classifica as delações como “instrumentos terríveis, mas indispensáveis”.
O senhor foi alvo de uma delação premiada. Qual sua opinião sobre o instituto?
As delações são um instrumento terrível. Não sou propriamente contra elas, mas não me são simpáticas porque você usa aquilo que há de pior no ser humano, o desespero, a necessidade de tentar sair de uma situação, colocando outro que participou da empreitada criminosa dele, ou não, no fogo. Mas reconheço que é um instrumento de política criminal hoje indispensável.
Qual é o maior problema das delações?
Quando vaza uma delação, apesar de os casos serem, em sua maior parte, sigilosos, o alvo é exposto. Muitas vezes as afirmações não se comprovam. O processo finda com o delatado não sendo processado ou sendo absolvido, mas a vida dele já foi prejudicada.
(O Globo)
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