sábado, 1 de dezembro de 2018

PF abre inquérito para investigar Paulo Guedes. Policiais apuram supostos crimes cometidos por futuro ministro em transações com fundos de pensão

INVESTIGAÇÃO
 Paulo Guedes, futuro ministro do governo Bolsonaro
Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
 Paulo Guedes, futuro ministro do governo Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

BRASÍLIA - A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o futuro ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, por supostos crimes cometidos em transações relacionadas a fundos de pensão. As investigações tiveram início há um mês, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que também apura o caso. Na mira da polícia estão transações da ordem de R$ 1 bilhão feitas por Guedes. 

O ponto de partida da investigação é um relatório da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) - órgão que regula os fundos de pensão - que levantava suspeitas sobre as operações analisadas.  

Os documentos já foram analisados pela polícia, que está com dificuldades de aprofundar a apuração. Policiais reclamam da falta clareza na definição dos supostos crimes. Guedes será investigado por gestão fraudulenta, entre outras supostas irregularidades. 

O MPF e agora a PF apuram se Guedes aplicou dinheiro captado dos fundos de pensão de forma irregular, deixando prejuízos milionários aos aposentados das estatais. Para realizar as transações, a empresa de Paulo Guedes, que faz gestão de investimentos financeiros, teria cobrado comissões consideradas “abusivas”. 

Uma das investigações apura suspeitas de gestão temerária ou fraudulenta no BR Educacional, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) gerido por uma empresa de Guedes com o mesmo nome, que captou recursos dos fundos de pensão de trabalhadores de estatais para investir no setor privado de educação. 

Outra investigação analisa se os mesmos métodos supostamente irregulares foram utilizados para obter lucros em outro fundo de investimentos gerido pelo economista, o FIP Brasil de Governança Participativa. Depois de receber o aporte milionário dos fundos de pensão de estatais, o FIP gerido por Guedes investiu R$ 112,5 milhões em um grupo empresarial da área de infraestrutura, a Enesa. Foi nessa etapa da transação que, segundo o MPF, a fraude pode ter ocorrido. 

Guedes nega problema

Os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, responsáveis pela defesa do futuro ministro da Economia, negaram que Guedes tenha cometido qualquer irregularidade. 

“A defesa de Paulo Guedes reafirma a lisura de todas as operações do fundo (BR Educacional) que, diga-se de passagem, deu lucro aos cotistas, incluindo os fundos de pensão”, ponderaram os advogados. 

 Os dois disseram ainda esperar que a investigação da PF apure o que chamam de “incoerências” do relatório da Previc. 

A Previc, por sua vez, alegou nesta sexta que o relatório que serve como base para o inquérito da PF diz respeito à análise preliminar solicitada pelo MPF e ressaltou que os investimentos citados ainda não foram objeto de fiscalização por parte da autarquia e, portanto, carecem de avaliação conclusiva de mérito. Segundo a Previc, a documentação sobre o caso está sob sigilo.  


(Jaílton de Carvalho/O Globo)

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