CAMPANHA MORNA
Por ora a campanha eleitoral deste ano está “morna”, na visão do
especialista em política do Rio Grande do Norte Antonio Spinelli.
Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, ele afirma que o
candidato do PMDB, Henrique Alves, até agora, é o franco favorito na
disputa pelo governo do Estado, por ter reunido importantes apoios a sua
proposta. Entretanto, o professor avalia: “Robinson tem se movimentado
também. Não me parece que a eleição venha a ser um passeio”.
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Hoje, Antonio Spinelli diz que a
eleição mesmo só começará a pegar quando iniciar a propaganda
eleitoral, em agosto. “Por enquanto, está muito morna. Ainda não pegou. O
que é normal. O eleitorado costuma se ligar efetivamente quando a
campanha oficial começa. Na verdade, as pessoas comuns têm muito com o
que se preocupar. Geralmente quem acompanha mais nesse período inicial
são os jornalistas e especialistas”, explica.
Por outro lado, segundo ele, é preciso considerar que os principais
nomes na disputa pelo governo e pelo Senado, sendo, pela ordem, Henrique
e Robinson Faria (PSD) disputando o governo, e Wilma de Faria (PSB) e
Fátima Bezerra (PT) o Senado, são bastante conhecidos do público, o que
facilita já uma tomada de posição do eleitorado.
“Como os candidatos são todos conhecidos, Henrique, Robinson menos,
mas de qualquer forma conhecido, vez que foi deputado estadual por um
longo tempo, presidente da Assembleia Legislativa e eleito
vice-governador. E as duas candidatas ao Senado, Wilma e Fátima, também
são figuras conhecidas. Isso de certa maneira facilita o posicionamento
do eleitorado. Quando o eleitor não conhece o candidato, espera um pouco
mais para ver o que o candidato vai propor”, diz.
EQUILÍBRIO
Quanto à corrida ao governo, Spinelli vê Henrique saindo com uma
posição muito forte, por causa dos muitos apoios partidários e
empresariais conquistados. “Mas, por outro lado, Robinson tem se
movimentado também. Não me parece que a eleição venha a ser um passeio”,
diz.
“Claro que Henrique é francamente favorito, fez costura muito ampla. E
é claro que Robinson vai ter dificuldades para romper essa barreira,
principalmnente procurar apoios de prefeitos, de vereadores, cabos
eleitorais. Mas acho que à medida que a campanha avança e os candidatos
apresentem suas propostas e passam a ser mais conhecidos do público, a
campanha fica mais equilibrada, embora Henrique permaneceça como franco
favorito. Contudo, a eleição apresenta surpresas”, lembra.
“Se Robinson mostrar incoerências de Henrique, pode desestabilizar”
Segundo o professor Antonio Spinelli, embora seja favorito, se o
candidato do PSD, Robison Faria, apontar, durante a campanha, as
incoerências do candidato do PMDB, poderá fazer a diferença. Entretanto,
Robinson precisaria ter muita parcimônia no uso de denúncias, porque o
público pode saturar.
“Henrique tem uma longa trajetória. E, ao longo dessa trajetória, foi
alvo, muitas vezes, de denúncias. Não sei se o candidato Robinson vai
fazer uso dessas coisas. Porque há um ponto de saturação para o público.
A tática do ataque, da denúncia, funciona até certo ponto”, avalia o
professor. Por outro lado, Spinelli acredita que, se Robinson conseguir
apresentar uma proposta programática, ele poderá desestabilizar
adversário.
“Henrique tem exercido a presidência de forma em muitos aspectos
questionável. A reforma política talvez seja o exemplo mais importante.
Ele prometeu publicamente e explicitamente que iria fazer (a reforma). O
primeiro erro começa por aí, ‘eu vou fazer’, uma proposta personalista
para algo que precisa de amplo consenso. E ele não fez. Fez alguma
coisa, uma maquiagem, algumas propostas. Na verdade, ele travou a
reforma política, e esse é o ponto mais vulnerável”.
“Henrique Alves pode explorar incoerência partidária de Robinson”
Quanto a Robinson, Spinelli aponta que também há incoerência. “O
Robinson saiu do DEM, já esteve em vários partidos, é vice-governador da
atual governadora. Ou seja, tem uma história que não tem muita
coerência, nesse aspecto partidário”. Além disso, de acordo com o
professor, o vice não chega a ter experiência administrativa para
apresentar.
“Não se pode considerar que vice tenha experiência administrativa.
Até porque ele não teve nenhum espaço no governo (Rosalba). Desde o
início perdeu espaço, brigou com a governadora. Para completar, até
agora não apresentou propostas, a não ser a ‘Ronda no Quarteirão’, que é
uma cópia do que acontece no Ceará. Ele precisa apresentar uma proposta
mais robusta”.
Sobre propostas, Spinelli aponta que Henrique está à frente do
adversário até agora. “Porque a bandeira de Henrique, em favor do
desenvolvimento, é muito forte. Robinson precisa contrapor a isso algo
que tenha um significado simbólico grande. Acho que Henrique encontrou, o
Robinson ainda não. Precisa encontrar algo que possa ser reconhecido
por isso para dar força a sua campanha”.
“Wilma tem telhado de vidro, mas disputa com Fátima é equilibrada”
Para o Senado, o cientista político Antonio Spinelli vê uma disputa
mais equilibrada entre a candidata do PSB, Wilma de Faria, e a candidata
do PT, Fátima Bezerra. “São candidatas fortes. A ex-governadora e
ex-prefeita Wilma tem realmente um telhado de vidro muito grande, uma
vez que nos governos dela, particulamente o governo do Estado, vários
escândalos aconteceram. Mas é o que eu disse. Isso não pode ser
explorado como agenda principal da candidata que faz oposição a ela. A
candidatura precisa apresentar uma agenda positiva. Fátima tem histórico
como deputada estadual e federal, sempre foi muito bem votada, muito
envolvida com os problemas do RN, e tem realmente realizações a
apresentar”.
Na visão de Spinelli, o que beneficia Wilma é ter sido sucedida por
Rosalba no comando do governo do Estado. “O governo de Rosalba é tão
ruim, que faz o governo de Wilma parecer bom. E daí se dar uma certa
força à candidatura dela ao Senado. Talvez desse mais força a ela como
candidata ao governo. Agora, Wilma vai enfrentar uma opositora forte,
com histórico de realizações e sem mancha na sua trajetória política. Eu
vejo um combate mais equilibrado para o Senado”.
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