SEGURANÇA
Dezenas de caminhões, tanques e
veículos blindados do Exército deixaram no final da tarde de segunda
(19) diversos batalhões em Deodoro, zona oeste do Rio.
Em um comboio de cerca de um quilômetro, centenas de militares,
muitos deles com rostos cobertos por balaclavas, ocuparam as entradas do
complexo do Chapadão, na zona norte, uma das regiões mais violentas da
capital.
A operação é a primeira desde que o presidente Michel
Temer anunciou a intervenção na segurança pública do Rio na última
sexta-feira (16). A medida, porém, ainda passará por aval do Congresso.
Os
militares já estavam no Rio para outras operações nos últimos meses,
mas, com a intervenção, o comando da segurança pública no Estado ficará a
cargo de um general nomeado como interventor.
Várias entradas
foram fechadas nos bairros de Guadalupe e Anchieta, na zona norte. A
reportagem acompanhou a movimentação dos militares do REI (Regimento
Escola de Infantaria) em Anchieta.
Outros militares permaneceram
de prontidão em quartéis de Deodoro, que concentra o maior número de
instalações do Exército no Rio.
Segundo a secretaria de Segurança
Pública do Estado, a ação ocorre ainda no âmbito da GLO (Garantia da Lei
e da Ordem) e tem como objetivo montar barreiras nas divisas do Estado.
De acordo com a assessoria do Comando Militar do Leste, há bloqueios
próximo ao Chapadão, ainda que não esteja entre os objetivos entrar na
favela. Três mil militares fazem parte da operação, que ocorre nos
moldes de outras ocorridas no ano passado, por exemplo, na Rocinha. Até
as 18h22 não havia registro de confrontos.
Procurado, o Comando
Militar do Leste, que coordena a participação de militares em operações
no Rio, afirmou não haver operação em curso, apesar do registro da
reportagem.
O Chapadão reúne criminosos que deixaram morros
ocupados pelas UPPs, como o Complexo do Alemão, e montaram ali uma
central que se especializou no roubo de cargas. Bandidos costumam montar
barricadas na rua para impedir o avanço policial.
As favelas do
Complexo do Chapadão e da Pedreira ficam próximas da avenida Brasil, uma
das principais vias de acesso ao Rio. Atualmente, o Chapadão está sob
domínio do Comando Vermelho e a Pedreira, dos rivais Amigos dos Amigos.
Em
setembro passado, no âmbito da operação GLO (Garantia da Lei e da
Ordem), assim que chegaram ao Rio, os militares fizeram o que chamaram
de operação de reconhecimento. Blindados montaram blitzes nas vias
expressas e homens do Exército tomaram posições de observação das
principais entradas das favelas que margeiam os locais.
Tudo
indica que a operação desta segunda-feira (19) tenha esse intuito,
apesar de o CML (Comando Militar do Leste) não ter se pronunciado
oficialmente sobre a ação. Não havia até as 18h22 registro de
confrontos.
Uma das barreiras ficou na frente da rua Fernando
Lobo, em Guadalupe. A via é uma das entradas mais perigosas da região. É
comum a passagem por ali dos chamados "bondes", que são grupos de
traficantes fortemente armados, vindos do Chapadão. O deslocamento das
tropas gerou engarrafamento nas ruas dos arredores das favelas.
Moradores observavam a movimentação.
A reportagem esteve em diversos pontos do bairro de Deodoro, na zona
oeste, onde há grande concentração de quartéis. De acordo com soldados
ouvidos pela reportagem, a operação é tratada com sigilo pelo comando.
Os praças foram orientados a voltar no dia seguinte para participar de
uma nova operação, sem que detalhes tenham sido repassados. Alguns dos
soldados ouvidos participaram de operações na Rocinha, zona sul, e Morro
dos Macados, zona norte, no ano passado.
(Com informações da Folhapress).
Nenhum comentário:
Postar um comentário