BRASIL, POLÍTICA
Delação - Palocci: preso há catorze meses, ele quer revelar crimes
cometidos antes, durante e depois do governo Lula (Rodolfo
Buhrer/Reuters)
O acordo de delação premiada firmado entre o ex-ministro Antonio Palocci e a Polícia Federal ainda pode vir ser contestado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi dada nessa sexta-feira 27, em Paris, pela procuradora-geral, Raquel Dodge, que ponderou, contudo, “desconhecer” os termos e a “extensão das cláusulas” do entendimento entre as duas partes.
Segundo Dodge, as negociações não foram realizadas na
“jurisdição de Brasília”, o que obrigará a PGR ou o Ministério Público
Federal (MPF)
nos estados a estudar em detalhes o acordo para decidir o que fará a
respeito. “Não conheço o caso, não foi feito na jurisdição de Brasília e
oportunamente o meu gabinete, ou a instância cabível, certamente
examinará esse documento. Aí a manifestação será feita oportunamente”,
afirmou. .
“Eu não posso adiantar nenhum ponto de vista exatamente porque não
examinei que documento é esse, como foi feito, qual a extensão das
cláusulas. Tudo precisa ser avaliado com muito cuidado”, reiterou Raquel
Dodge.
Palocci era homem de confiança do PT e dos governos de Luiz Inácio
Lula da Silva e de Dilma Rousseff, entre 2003 e 2016. Na quinta-feira, o
jornal O Globo revelou que o acordo entre o ex-ministro e a PF
havia sido assinado. Uma primeira negociação já havia acontecido entre
sua defesa e a força-tarefa da Lava Jato no Paraná, sem que se chegasse a
um acordo.
Preso preventivamente desde setembro de 2016 em Curitiba, Antonio
Palocci foi condenado a doze anos de prisão por lavagem de dinheiro e
corrupção passiva na negociação dos contratos com a Odebrecht para aquisição de sondas da Sete Brasil.
Durante um depoimento em outro processo, em que ele e Lula são réus, o
ex-ministro afirmou ao juiz federal Sergio Moro que o ex-presidente fez
um “pacto de sangue” com a Odebrecht,
no qual a empreiteira teria disponibilizado 300 milhões de reais ao
“projeto político” do petista depois que ele deixasse o Palácio do
Planalto.
A PGR é autora de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF)
em que questiona o poder da Polícia Federal para fechar acordos de
delação premiada. Em julgamento iniciado em dezembro, o plenário do STF
formou maioria para garantir a prerrogativa à PF. Para entrar em vigor, o
acordo de delação de Palocci ainda precisa de homologação da Justiça.
(Por
Estadão Conteúdo)
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