BRASIL, JUSTIÇA
Marco Aurélio Mello pediu que seja incluída na pauta da Corte uma ação
do PCdoB contra a prisão após condenação em segunda instância (Evaristo
Sá/AFP)
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
homologou nesta quarta-feira (25), o pedido de desistência do Partido
Ecológico Nacional (PEN), que não quer mais barrar a possibilidade de
prisão após condenação em segunda instância. A sigla recuou do pedido de
medida cautelar por avaliar que a ação poderia beneficiar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato.
Na prática, a homologação significa que Marco Aurélio
concordou com o pedido de desistência do PEN. A possibilidade de prisão
após condenação em segunda instância é considerada um dos pilares da
operação — apesar da desistência do partido, o tema pode voltar ao
plenário do Supremo, já que outras duas ações (da OAB e do PCdoB) em
tramitação na Corte abordam o mesmo tema. A presidente do STF, ministra
Cármen Lúcia, no entanto, resiste a pautá-las.
“Mantenho antigo entendimento no sentido da viabilidade de ter-se, em
processo objetivo, desistência de pedido de liminar formalizado”,
observou Marco Aurélio em decisão assinada nesta quarta-feira.
“Homologo o pedido de desistência, observando que, em 4 de dezembro
de 2017, liberei o processo para inserção, visando o julgamento de
mérito, na pauta dirigida do pleno, ato situado no campo das atribuições
da presidência, e, em 23 de abril último, assentei cumprir ao colegiado
a apreciação de pedido de liminar, declarando-me habilitado a relatar e
votar”, concluiu o ministro.
Antes da homologação do pedido de desistência, o PEN deixou advogados
em “alerta” no plenário da Corte durante a sessão desta quarta-feira,
caso Marco Aurélio surpreendesse e decidisse levar o pedido de medida
cautelar para a pauta do plenário por iniciativa própria.
Então capitaneada pelo advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro,
o Kakay, a ofensiva jurídica do PEN para barrar a execução provisória
de pena repercutiu no mundo político e foi interpretada como uma forma
de beneficiar Lula. Depois da repercussão do episódio, o PEN — que se
intitula um partido de direita — trocou o seu time de advogados, pediu
para suspender a tramitação do processo e desistiu do pedido.
“O autor entende que não há a presença de pressupostos legais
autorizativos do deferimento da medida cautelar, conforme parecer da
Procuradoria-Geral da República (PGR). Na verdade, o pedido é inoportuno
na atual quadra dos acontecimentos”, alegou o partido ao STF.
Segundo o PEN, uma eventual mudança de entendimento do STF sobre a
possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, representa
um “perigo” que pode violar o princípio da segurança jurídica. Em sua
manifestação, o PEN destacou parecer da Procuradoria-Geral da República
(PGR), que alega que “não há fato novo” que justifique uma mudança na
jurisprudência do Supremo sobre o assunto.
Na última quinta-feira, Marco Aurélio Mello pediu que seja incluída
na pauta do plenário da Corte a ação do PCdoB que quer barrar a
possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância.
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