quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CPI do Futebol aponta relações entre Del Nero e filho de Lula. Relatório apresentado por Romário, o presidente da comissão, revelou troca de e-mails entre o presidente da CBF e Luís Cláudio Lula da Silva em 2011

FUTEBOL
Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

A CPI do Futebol, presidida pelo senador e ex-jogador Romário, divulgou nesta quarta-feira, em Brasília, um relatório que aponta relações entre o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Lula.

“Existem comunicações que exigem cavadas averiguações, por exemplo entre Marco Polo Del Nero e Luís Claudio Lula da Silva, o ‘Lulinha’, filho do Lula, ex-Presidente da República, sobre negócios envolvendo a ‘LFT’ e a ‘Sport Promotion'”, indica o relatório.

Em um e-mail de 16 de agosto de 2011, Luís Cláudio questiona Del Nero, então vice da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), sobre possibilidades de negócios. “Olá, presidente Marco Polo, tudo bem com o senhor? Gostaria de saber se tem alguma novidade com o projeto futebol feminino ou com nossa participação na Federação Paulista. Fico no aguardo. Grato. Luís Claudio Lula da Silva (Lulinha)”, escreveu no e-mail.

No mesmo dia, Del Nero responde: “Já tenho alguma coisa, passe por aqui. Abraços. Marco Polo”. No dia 1.º de setembro daquele ano, Lulinha faria novas propostas de negócios com o atual presidente da CBF. “Já conversei com o pessoal da Sport Promotion e fizemos um rascunho do projeto, gostaria de ir apresentar ao senhor.”

No mesmo e-mail, o filho de Lula completa com outra proposta. “Fora esse assunto, o que o senhor acha de fazermos as placas nos estádios de LED para a Série A, usando máxima tecnologia como é feito na Sul-Americana?”, escreveu. Os dois acertaram de se ver no dia 13 de setembro de 2011.

Luís Cláudio já trabalhou nos quatro grandes clubes da capital paulista, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos, como estagiário em departamentos amadores e auxiliar de preparador físico. Em 2011, o caçula de Lula abriu a própria empresa. Recentemente, um pequeno clube uruguaio desistiu de sua contratação.


Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 (COL) realiza reunião para relatório final. Mesa (E/D): presidente da CPIDFDQ, senador Romário (PSB-RJ); relator da CPIDFDQ, senador Romero Jucá (PMDB-RR) Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Romário e Jucá na CPI do Futebol em Brasília (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Jucá – Mais cedo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também apresentou um relatório da CPI do Futebol, bem mais brando, no qual se abstém em relação aos possíveis crimes cometidos por cartolas da CBF e sugere o simples repasse das informações para órgãos investigativos.

A principal motivação de criação da CPI foi a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, em maio de 2015, na Suíça, durante operação internacional em um escândalo de corrupção da Fifa. A comissão foi instalada em meados de julho do mesmo ano com o objetivo de investigar a CBF e o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, especialmente quanto a possíveis irregularidades em contratos de partidas da seleção brasileira organizadas pela CBF e pela Fifa.

Em seu parecer, Jucá confirma o recebimento de grande número de informações sigilosas e fortes indícios de irregularidades e operações ilícitas que envolvem os ex-presidentes José Maria Marin e Ricardo Teixeira e o presidente Marco Polo Del Nero, assim como entidades ou empresas que compõem a estrutura do futebol brasileiro ou que nela atuam, inclusive do COL.

Ainda assim, o relatório de Jucá defendeu a tese de que não é papel da CPI “centrar-se na apuração de atividades criminosas ou ilícitas, fazendo dessas a motivação única ou maior de seus trabalhos”. Para o senador, o propósito fundamental da comissão é propiciar o avanço da legislação para que as práticas ilícitas não se repitam.

Dessa forma,  Jucá sugeriu que as documentações sigilosas fossem repassadas a outros órgãos, como Banco Central, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal e a Controladoria- Geral da União.

(com Estadão Conteúdo)

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