PRÉ-SAL
Senado deve votar na próxima terça-feira a revisão do contrato de cessão onerosa
BRASÍLIA - Os Estados e municípios poderão ficar com 20% dos recursos
arrecadados com o megaleilão de petróleo do pré-sal, valor que pode
ultrapassar R$ 20 bilhões. O acordo para a partilha do dinheiro do
leilão deve ser fechado hoje entre o presidente do Senado, Eunício
Oliveira (MDB-CE), o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o futuro
ministro da Economia, Paulo Guedes.
Sem esse acordo, Eunício já avisou a Guardia e Guedes que o projeto
de lei para a revisão do contrato de cessão onerosa da União com a
Petrobrás não será aprovado na próxima terça-feira, dia 27. O leilão só
pode ser realizado depois da assinatura da revisão do acordo.
A
divisão dos recursos arrecadados com o leilão funcionaria como um
socorro emergencial para os Estados que passam por grave crise
financeira. Os governadores eleitos já pediram à nova equipe para a
divisão dos recursos em reunião na semana passada, que contou com a
presença do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Na semana passada, o
trio já havia discutido sobre essa questão. Agora, eles voltam a se
reunir porque há duas propostas sobre a mesa. Uma é para que o repasse
se dê em cima de 20% do que for arrecadado com o bônus de assinatura do
contrato, um valor total estimado entre R$ 100 bilhões e R$ 130 bilhões.
A outra opção é autorizar que 30% do fundo social sejam
repassados para os Estados e municípios ao longo dos anos de exploração e
produção. Essa segunda opção é a defendida por Guardia, como mostrou o
Estadão no sábado. Guardia defendeu que o socorro seja feito com
contrapartida de medidas de ajuste fiscal.
De acordo com o líder
do governo no Senado e também relator da proposta, Fernando Bezerra
(MDB-PE), o atual governo do presidente Michel Temer já havia costurado
um acordo para que fosse incluído no projeto o repasse do fundo social.
Mas, em conversa com governadores na semana passada, Paulo Guedes
afirmou que o futuro governo concordava com o repasse do porcentual do
bônus de assinatura.
Distribuidoras. Na semana
passada, o Senado inseriu em um projeto - que obriga empresas
distribuidoras de energia elétrica a pagar uma multa aos usuários em
caso de interrupção de serviços- um dispositivo para destinar 50% dos
recursos vindos da comercialização do petróleo do pré-sal, que iriam
integralmente para o Fundo Social para um outro fundo a ser criado que
destina recursos para a expansão de gasodutos e para os fundos de
participação de Estados e municípios. O texto está na Câmara.
“Não
acredito que Estados e municípios vão trocar R$ 20 bilhões por um
número muito maior que será recebido ao longo de 10, 12 anos. É evidente
que não vai ser bônus e fundo social. Vai ser uma coisa ou outra. E eu
acredito que vai prevalecer o que foi construído aqui e acordado”,
afirmou.
O senador defende ainda que a discussão sobre o projeto
comece nesta quarta e a votação aconteça no dia 27, conforme combinado
com outros líderes partidários.
(Adriana Fernandes e Mariana Haubert, O Estado de S.Paulo)
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