O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil )
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal
Federal (STF), disse nesta quinta-feira, 1º, ao Broadcast Político,
sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o presidente
eleito, Jair Bolsonaro (PSL), acertou na escolha do juiz federal Sérgio
Moro para assumir o comando do superministério da Justiça e ressaltou
que não há perda para a Lava Jato com o futuro desligamento de Moro das
investigações em Curitiba.
"É um grande quadro, sem dúvida alguma, e tem relevante
serviço a prestar. Caso se confirme a saída dele do Judiciário, (Moro)
tem tudo para prestar bons serviços ao Executivo. O presidente acertou,
sem dúvida alguma, eu no lugar do futuro presidente Jair Bolsonaro
também tentaria compor uma grande equipe, inclusive com o juiz Sérgio
Moro", disse Marco Aurélio à reportagem.
Indagado
se os rumos da Operação não poderiam ficar comprometidos com o
desligamento de Moro, Marco Aurélio respondeu: "Não, porque temos 'n'
juízes federais capazes de tocar a Lava Jato. Não há qualquer perda para
a operação e para os processos alusivos à Lava Jato. Ninguém é
insubstituível nessa vida".
Para o ministro, o juiz federal é exemplo em termos de
servidor público. "Evidentemente o que ele fez até aqui o fez com grande
publicidade e acompanhamento dos contribuintes, com isenção. Precisamos
parar no Brasil de presumir o extravagante, o excepcional. Temos de
presumir a postura digna e é o que eu presumo ao juiz Sérgio Moro",
comentou Marco Aurélio.
'Excelente'
O ministro Luiz Fux, do STF, também elogiou nesta
quinta-feira a escolha do juiz federal Sérgio Moro para comandar o
superministério da Justiça. "A sua escolha foi a que a sociedade
brasileira faria, se consultada", disse o ministro.
Na avaliação de Fux, o juiz federal é um "excelente
nome" e "símbolo da probidade e da competência". Para o ministro, a
escolha de Sergio Moro foi "por genuína meritocracia".
Para um terceiro ministro do STF, que pediu para não
ser identificado, a ida de Moro ao superministério da Justiça foi uma
"jogada de marketing" do governo Bolsonaro - com data de validade - e
colocará o magistrado no centro do debate político, vulnerável a
críticas sobre a sua futura gestão.
Para esse integrante do STF, juízes, de uma forma
geral, são "péssimos gestores" e a futura nomeação de Moro dá munição ao
discurso do PT de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, é alvo de perseguição
política e de julgamento parcial.
Procedimentos
O corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins,
disse nesta quinta-feira ao Broadcast Político que os procedimentos
disciplinares que tramitam no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para
apurar a conduta do juiz federal Sérgio Moro na Operação Lava Jato serão
"analisados no tempo certo". Cabe ao CNJ julgar processos disciplinares
e aplicar sanções administrativas contra juízes.
"Os casos de Sérgio Moro serão analisados no seu tempo.
O corregedor nacional analisará tudo dentro do tempo, independentemente
de ser indicado ministro, não ser indicado. Não sei nem qual será a
minha decisão, vou analisar caso a caso", disse Martins à reportagem.
Três conselheiros ouvidos reservadamente pelo Broadcast
Político divergem sobre o destino dos procedimentos instaurados pelo
órgão para apurar a conduta de Moro na Lava Jato. Para um deles, os
casos devem ser extintos no CNJ após a exoneração de Moro, enquanto
outro conselheiro acredita que há precedente no órgão que poderia
permitir a continuidade do processo, mesmo com o desligamento do juiz
federal de suas funções.
Um terceiro conselheiro avalia que a questão está em aberto e poderá ser discutida pelo plenário do CNJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário