ESPANHA: DIVISÃO
Uma mulher se emociona enquanto assiste à sessão no Parlamento da
Catalunha através de um telão durante uma manifestação
pró-independência, em Barcelona, na Espanha - 10/10/2017 (Susana
Vera/Reuters)
A Espanha vai justificar a aplicação da Constituição para assumir o controle da Catalunha
porque considera que o governo autônomo regional desobedeceu de forma
“rebelde, sistemática e consciente” as leis nacionais, tomando decisões
que “atentam gravemente” contra o interesse geral do país.
O argumento está em um texto que está sendo discutido em uma
reunião do Conselho de Ministros, que começou na manhã deste sábado e
que decidirá se o governo central deve assumir as funções na Catalunha e
restituir a ordem constitucional na região diante dos desafios
independentistas.
O governo central decidiu aplicar o artigo 155 da
Constituição da Espanha depois de o presidente da Catalunha, Carles
Puigdemont, ter alertado na última quinta-feira que o parlamento
regional poderia votar a independência se não houvesse
diálogo entre as partes. Esse artigo estabelece que, se uma autoridade
autônoma não atende aos requerimentos para voltar à legalidade, o
governo pode aprovar um decreto com medidas concretas para assumir as
responsabilidades regionais. Esse decreto precisa ser aprovado por
maioria absoluta no Senado do país para ser aplicado efetivamente. O
Senado deve votar o decreto no próximo dia 27 de outubro.
Entre os motivos para recorrer ao artigo, o governo da
Espanha destaca o “incumprimento manifesto, contumaz e deliberado” das
obrigações constitucionais das autoridades catalãs ao colocar em
andamento um processo de separação.
“Os governantes catalães atuaram sem reconhecer a submissão à
lei alguma e, com isso, invalidaram sua legitimidade como instituição
de autogoverno”, defende o texto do Executivo espanhol. A Espanha também
afirma que as medidas que serão decididas hoje para intervir na
Catalunha são de “garantia” e que terão como objetivo “assegurar
direitos e não restringir liberdades”.
Os objetivos são restaurar a legalidade constitucional e do
estatuto de autonomia da Catalunha, garantir a neutralidade
institucional, manter o conforto social, o crescimento econômico e
garantir direitos e liberdades de todos os catalães. A justificativa diz
que as autoridades catalãs deixaram de lado o interesse geral de parte
dos moradores da região em favor do “ideário independentista de uma
parte deles”. Além disso, afirma que há um “absoluto desprezo” na
Catalunha à separação entre os poderes Executivo e Legislativo, já que
eles têm atuado “como um só poder e como se tratassem de uma só
vontade”.
O governo da Espanha também alega que a separação coloca em
risco o progresso da sociedade do país como um todo, alertando que uma
Catalunha independente estaria fora da União Europeia (UE) e sofreria um
empobrecimento de até 30%, uma situação que o governo central deve
evitar pelo interesse geral.
(Por
EFE)
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