FIM DE SEMANA NA EMPRESA QUE ELES INVESTIGAM
Mordomia - O iate e a luxuosa mansão de Joesley Batista em Angra dos Reis (Oscar Cabral//)
Em meados do ano passado, a Lava Jato já havia deflagrado três dezenas de operações. As empresas do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista,
ainda não haviam caído na teia, mas já eram alvo de investigações que
apuravam suspeitas de pagamento de propina para obter financiamentos no BNDES e na Caixa Econômica Federal.
Na época, longe de Brasília, no píer de uma mansão em Mangaratiba, no
Rio de Janeiro, uma pequena lancha aportou para apanhar um grupo que
havia chegado para um fim de semana de lazer. Todos a bordo, a
embarcação rumou mar adentro, até encontrar o iate Why Not. Para os
ministros Vital do Rêgo e Bruno Dantas, ambos do Tribunal de Contas da União (TCU),
era o começo de um animado dia de mordomias, com boa comida, champanhe e
vinho da melhor qualidade, tudo diante de uma paisagem deslumbrante.
Joesley já confessou ter habilidades especiais para
corromper. Quando não pagava propina para atingir seus objetivos, usava
outras artimanhas para capturar a simpatia de figuras importantes do
poder. Não foi por outra razão que o empresário convidou os ministros
para o passeio no sábado 11 de junho de 2016, quando o TCU já analisava
os empréstimos suspeitos dos Batista. Combinar o encontro com Bruno
Dantas e Vital do Rêgo foi relativamente fácil. O empresário ficara
sabendo que os dois estavam no Rio, onde haviam participado, na véspera,
de um seminário. O convite foi feito — e aceito.
No iate de 10 milhões de dólares, o grupo foi recebido pelo
próprio Joesley. Antes de eles se reunirem em torno de uma mesa de
queijos, o dono da JBS,
hoje preso, apresentou a embarcação, de 30 metros de comprimento, três
andares, quatro quartos (incluindo uma suíte de 20 metros quadrados),
cozinha, sala de estar e um amplo deque com jacuzzi.
Delatado – O ministro Vital do Rêgo e sua esposa: voto a favor da continuidade do processo contra a JBS
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