BRASIL, POLÍTICA
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considerou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB)
“parece” ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa.
Para Dodge, a prisão preventiva do peemedebista é “imprescindível” para a
continuidade das investigações contra ele.
Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de
justiça e colocado em prisão domiciliar dias depois. No último dia de
setembro, contudo, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente
após a Polícia Federal encontrar o equivalente a 51 milhões de reais atribuídos a ele em um apartamento em Salvador.
Para Raquel Dodge, Geddel Vieira Lima “fez muito em pouco
tempo”. “A sua defesa não tem razão quando afirma que a apreensão destes
quase R$ 52 milhões não é causa suficiente para um novo decreto de
prisão. Não há registro histórico no Brasil de apreensão maior de
dinheiro e, ao que tudo indica, dinheiro público desviado e ocultado
ilicitamente”, escreveu Dodge. Segundo a procuradora-geral da República,
o “valor monumental” indica a gravidade do crime.
“A elevada influência desta organização criminosa
evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: ocultou
cinquenta e dois milhões de reais em um apartamento de terceiro, sem
qualquer aparato de segurança, em malas que facilitaram seu transporte
dissimulado. Este dinheiro seria apenas uma fração de um todo, ainda
maior e de paradeiro ainda desconhecido”, segue Raquel Dodge.
Nas palavras da procuradora-geral, está sendo investigada
uma “poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos
escalões da Administração Pública, e que seria integrada, segundo
indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da
Câmara dos Deputados”. A apuração que levou ao dinheiro escondido no
apartamento em Salvador mira desvios na Caixa Econômica Federal, com
suposta participação de Geddel e do ex-presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba.
A manifestação da PGR foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF)
após as defesas de Geddel Vieira Lima e do advogado Gustavo Ferraz,
aliado do peemedebista, pedirem liberdade. O ministro do STF Edson Fachin manteve Geddel preso, mas substituiu a prisão preventiva de Ferraz por prisão domiciliar e pagamento de fiança.
A manutenção da prisão do ex-ministro gera apreensão no
Palácio do Planalto, que teme que ele opte por uma delação premiada como
estratégia de defesa e implique a cúpula do PMDB. O baiano ocupou a
Secretaria de Governo do presidente Michel Temer até novembro de 2016.
A procuradora-geral da República apontou que o Ministério
Público Federal e a Polícia Federal chegaram ao apartamento a partir da
afirmação do delator Lúcio Bolonha Funaro de que entregou mais de 11
milhões de reais em espécie a Geddel. “Logo, a soma do dinheiro
apreendido é muito superior às entregas de Funaro”, escreveu Raquel, que
defendeu em manifestação que as investigações sobre o ex-ministro
precisam prosseguir.
Para a PGR, em prisão domiciliar Geddel poderia “manter
contatos, receber visitas, dar ordens e orientações que podem frustrar
os objetivos das medidas cautelares nesta investigação”.
(com Estadão Conteúdo)
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