ELEIÇÕES 2018
A advogada Janaina Paschoal e o deputado federal e pré-candidato à
Presidência da República Jair Bolsonaro durante convenção do PSL no Rio
de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Jair Bolsonaro acredita que vai ter de buscar um Plano D para seu vice na chapa presidencial. Depois de não conseguir acertar com o senador Magno Malta (PR-ES) e com o general Augusto Heleno (PRP),
o pré-candidato à Presidência enxerga grandes chances de a advogada
Janaina Paschoal (PSL) não aceitar o convite para ingressar na chapa
presidencial.
Bolsonaro acredita que Janaina decidirá
pela candidatura a deputada estadual por São Paulo. “A minha opinião é
que, por questão familiar, ela deve ser candidata a deputada estadual,
que sempre foi a primeira opção dela”, disse Bolsonaro a VEJA na noite desta segunda-feira.
Ainda assim, o deputado minimiza a situação
de isolamento até aqui. “A gente vai ficar com quatro vices. Todo mundo
que já foi cogitado ser vice nosso continua do nosso lado”, afirmou
ele.
Apesar de Bolsonaro dizer que a família
seria a principal razão para Janaina recusar o convite, a postura da
advogada tem causado mal-estar entre os apoiadores
mais puristas de Bolsonaro. Eles desaprovaram o convite a Janaina,
dentre outras coisas, porque ela não adere totalmente ao ideário do
candidato (a advogada é contra a redução da maioridade penal, por
exemplo). O discurso dela na convenção, cujo tom foi de reprimenda ao
“pensamento único”, não contribuiu para aumentar a simpatia a ela no
grupo pró-Bolsonaro.
Influente na campanha de Bolsonaro e nome
popular em movimentos conservadores, o filósofo Olavo de Carvalho disse
nesta segunda-feira que Janaina não pode ser vice “nem de clube de
futebol”. Para Olavo, Janaina “vendeu (ou deu de graça) o
movimento popular de 2015 aos tucanos” e agora “quer fazer o mesmo com a
candidatura Bolsonaro”.
Janaina foi coautora do pedido de
impeachment que derrubou Dilma Rousseff, em 2015, ao lado do jurista (e
ex-petista) Hélio Bicudo.
Em entrevista à rádio Jovem Pan na manhã desta segunda, Janaina
demonstrou incômodo com o que considera o risco do pensamento único na
campanha do deputado. “Eu percebi muito assim: ‘Olha, ou você concorda
comigo ou vai embora, ou concorda comigo ou vota em outro’. Isso aí é
perigoso”, disse ela, em referência aos discursos que ouviu na convenção
do partido no domingo. “Eu não vou entrar num ambiente em que esse
pensamento seja dominante”, complementou.
À Jovem Pan, ela admitiu que a família pesa
na decisão, mas ressaltou que a liberdade de ideias é
essencial. Janaina e Bolsonaro se encontraram pela primeira vez no
domingo. As conversas dela com o partido se deram por meio de Gustavo
Bebianno, presidente da legenda.
Alternativas
Se a resposta de Janaína for negativa,
Bolsonaro ao menos terá duas opções imediatas: o presidente licenciado
do PSL, o empresário e ex-deputado Luciano Bivar, e o deputado federal
Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), presidente do diretório mineiro do
partido. Pelo menos no caso do deputado, a resposta afirmativa é
garantida: nesta segunda, Antônio disse a VEJA que já foi consultado por Bolsonaro e respondeu que aceitaria o convite.
(Por
Gabriel Castro/Veja.Abril.com.br)
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