ELEIÇÕES 2018
Ex-ministro Henrique Meirelles é o nome do MDB neste período pré-eleitoral
Estagnado nas pesquisas de intenção de voto, Henrique Meirelles fará
uma aposta de risco para obter apoio e conseguir ser oficializado como
candidato do MDB ao Palácio do Planalto. Sob desgaste de ter sido
ministro da Fazenda do governo de Michel Temer, campeão no quesito
impopularidade, Meirelles vai engrossar o discurso e usar na campanha o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, apesar de condenado e
preso na Lava Jato, ainda lidera pesquisas de intenção de voto quando
seu nome é testado.
A cc, criar fatos políticos e chamar a
atenção. O ataque aos adversários Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes
(PDT) faz parte da estratégia. A etapa seguinte será explorar a
“herança” de Lula.
A ideia é destacar que Meirelles foi presidente
do Banco Central nos dois mandatos do petista (2003 a 2010). Enquanto a
defesa do legado de Temer aparece nas pesquisas como um “fardo” difícil
de carregar, a vinculação com Lula é vista como um “trunfo”. O
ex-ministro faz questão, porém, de separar Lula da ex-presidente Dilma
Rousseff.
Na sexta à noite (29) à noite, em palestra para
empresários do Distrito Federal, Meirelles culpou Dilma pelo agravamento
da crise. Ao criticar Bolsonaro e Ciro, sob o argumento de que há
candidatos que desejam acabar com o teto de gastos, ele deu uma estocada
em Dilma. “Isso me lembra de uma reunião de 2006, na qual a então chefe
da Casa Civil (do governo Lula) fez uma afirmação impressionante. Ela
disse: ‘Despesa pública é vida’”, afirmou Meirelles. Em seguida, deixou
clara sua divergência com a petista. “Precisa ver para quem, não é?”,
provocou.
Na prática, a campanha quer mostrar que o ex-chefe da
equipe econômica é um homem tão “preparado” para tirar o Brasil da crise
que está acima de ideologias e partidos. Não será uma tarefa fácil,
mesmo porque dirigentes do MDB não o liberaram da missão de defender o
“legado” de Temer, reprovado por 79% dos eleitores, de acordo com
pesquisa CNI/Ibope.
“O primeiro princípio de um candidato crível é
ser fiel à sua biografia e o Meirelles está, cada vez mais, assumindo o
que fez”, afirmou o ministro Moreira Franco (Minas e Energia). “Ele foi
chamado novamente para tirar o Brasil de uma situação de crise, assim
como foi chamado pelo Lula quando a situação era gravíssima. E ele não
fugiu do chamamento”, completou.
Em carta de próprio punho
divulgada nas redes sociais, Meirelles diz que nunca aceitou a divisão
do País. “Atendi ao convite de Lula e tenho orgulho de ter comandado o
Banco Central e a economia no período mais próspero da história recente.
Tenho orgulho de que meu trabalho naquele período possibilitou que
tantas pessoas saíssem da pobreza rumo à classe média”, escreveu
O
figurino que o MDB quer vestir em Meirelles, a 99 dias da eleição, é o
de candidato de centro com bom trânsito em várias alas, além de ter
“equilíbrio” e “pulso firme” para apagar incêndios. Por isso a campanha é
ancorada pelo mote #ChamaOMeirelles. O problema é que, ao contrário do
que ele próprio previa, a economia não reagiu e o desemprego continua
muito alto.
A manutenção do ex-ministro no páreo depende agora das
circunstâncias políticas e do seu crescimento nas pesquisas. A portas
fechadas, dirigentes do MDB afirmam que Meirelles somente será levado à
convenção do partido – prevista para o fim de julho ou início de agosto –
se houver uma avaliação interna de que ele tem potencial para se tornar
competitivo.
Se o quadro não mudar, a tendência do MDB será a de não apresentar chapa própria e liberar arranjos regionais.
(Agência Estado)
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