Sérgio Cabral - Rodrigo Felix Leal / Gazeta do Povo
Rio - O juiz Rafael Estrela, da Vara de Execuções
Penais (VEP), acaba de tirar o ex-governador Sérgio Cabral da solitária,
na noite desta terça-feira. O magistrado considerou a ordem do promotor
André Guilherme Freitas como 'ilegal'. Cabral ficou quase 10h em
isolamento.
"A conduta do ilustre Promotor de Justiça, Dr. André
Guilherme Tavares de Freitas, em determinar a colocação do apenado em
isolamento preventivo é manifestamente ilegal", escreveu Estrela na
decisão.
De acordo com a defesa de Cabral, André Guilherme teria
entrado na Ala E e dito aos detentos que abaixassem a cabeça e se
voltassem para a parede. O ex-governador teria questionado a
determinação e foi encaminhado para isolamento. A informação foi
antecipada pelo portal G1.
Em nota, a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária (Seap) informou que o promotor efetuou uma supervisão de
rotina no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira. "Na galeria onde se
encontra o apenado Sérgio Cabral, este demorou a sair da cela e não se
colocou em posição de respeito, como é de praxe durante inspeções
judiciais, ministeriais ou da própria Seap. O promotor determinou
verbalmente que o citado apenado fosse colocado na cela em isolamento",
disse a pasta no texto.
Ainda segundo a Seap, já foi instaurado o procedimento
disciplinar próprio em relação à conduta do interno em tela e também já
foi comunicado o ocorrido ao juiz titular da VEP, a quem cabe a decisão
final sobre as consequências do comportamento do custodiado. O advogado
de Cabral, Rodrigo Roca, informou ainda que processará André Guilherme
'por danos psicológicos causados ao seu cliente'.
Em nota, o promotor disse ao DIA que,
durante a fiscalização na penitenciária, Cabral "foi único que não
estava na 'posição de confere', padrão que todos os presos devem seguir
quando assim lhes é determinado. Mesmo recebendo novamente a
determinação, o preso se recusou a cumpri-la, e, aos gritos, de forma
provocativa capaz de incitar a desordem no coletivo da unidade, disse
que não queria ser chamado de 'interno' e que aquela posição era um
desrespeito a ele".
"Na data de hoje, fiscalizei um total de oito unidades
prisionais, totalizando um efetivo carcerário de 7.062 presos. Idêntico
procedimento foi adotado em todas as unidades, tendo como única
alteração a deste interno. Destaco que, como membro do Ministério
Público, respeito e fiscalizo as normas relativas ao sistema prisional,
aí incluídas a Lei de Execução Penal e a Constituição da República, como
também exijo o seu cumprimento por parte dos presos, que devem ser
tratados de forma igual, sem qualquer favorecimento ou privilégio
decorrente de possível poder financeiro, político ou marginal que
queiram ostentar. Com 19 anos no Ministério Público, 15 dos quais
dedicados à execução penal, agi em estrita conformidade com a lei,
dentro das minhas atribuições e dos regulamentos e práticas da Seap,
motivo pelo qual nada tenho a temer, pois minha causa é maior e meu
dever é proteger a sociedade", finalizou André Guilherme.
(Por
Adriana Cruz/O Dia)
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