BRASIL, POLÍTICA
Deputado Osmar José Serraglio PP/PR (Gustavo Lima/Agência Câmara/VEJA)
O deputado federal Osmar Serraglio (PP-PR) afirmou na última terça-feira 17, no plenário da Câmara, que sofreu pressões dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (MDB-AL) quando era ministro da Justiça. O discurso ocorreu durante julgamento do caso de Aécio no Supremo Tribunal Federal (STF)
que o tornou réu por corrupção passiva e obstrução de justiça. Nesta
sexta-feira 20, ao ser questionada, a assessoria de imprensa de
Serraglio reiterou a acusação.
O ex-ministro da Justiça diz que trechos das gravações telefônicas entre Aécio e Joesley Batista,
dono da JBS, deixam claro que ele se recusou a ceder às pressões do
senador mineiro que tinha por objetivo emplacar um novo delegado da
Polícia Federal de sua preferência. No diálogo, o senador mineiro
aparece chamando Serraglio de um “bosta do c****”.
O tucano disse a Joesley que estava insatisfeito com Osmar Serraglio porque, de acordo com o senador, ele não controlava a Polícia Federal (PF) e a Operação Lava Jato.
A partir dessas conversas e de depoimentos da delação de executivos do
grupo J&F, o STF aceitou a denúncia contra Aécio nesta semana.
“Pressões semelhantes advieram do senador Renan Calheiros,
ex-Presidente do Congresso Nacional, multi-investigado pela Polícia
Federal”, continuou o deputado em plenário. Segundo Serraglio, as
pressões sofridas foram um dos principais fatores que “instabilizaram”
sua permanência na Pasta. Ele foi demitido do Ministério da Justiça no ano passado em meio aos rumores de que poderia ser citado em delação premiada da Operação Carne Fraca.
Em nota, Renan disse que “não se prestaria a falar” com Serraglio.
“Pelo contrário… virei oposição ao governo Temer justamente quando ele
assumiu o ministério indicado, e teleguiado, pelo Eduardo Cunha.
Quem conhece minimamente a política sabe que eu jamais me relacionei
com esse grupo. Pelo visto, esse Osmar continua com a carne fraca”,
disse Renan.
Já a defesa do senador Aécio afirmou que ele “jamais” tentou
interferir na nomeação de delegados para a condução de qualquer
inquérito. “Essa questão é afeita exclusivamente à PF, que não se
submete a esse tipo de ingerência”, justificou.
O advogado do tucano, Alberto Zacharias Toron,
sustentou que todas as conversas que Aécio teve sobre o tema foram “no
sentido de mostrar seu inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer
base fática, em especial, com a demora em serem concluídos, levando a
um inevitável desgaste”.
Além disso, o advogado afirma que o senador mineiro procurou Osmar
Serraglio para desculpar-se sobre “termos inadequados utilizados para
referir-se” ao então ministro da Justiça. “Com relação aos termos
inadequados utilizados para referir-se ao então ministro, em conversa
privada criminosamente gravada pelo Sr Joesley Batista, o senador
telefonou diretamente a ele à época, desculpando-se pelas expressões
utilizadas”, afirmou o comunicado. A defesa de Aécio reafirma “não ter
havido nenhuma atitude imprópria de sua parte e lamenta que isso possa
ter sido entendido de forma diversa”.
(Por
Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário